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A lembrança dos odores .....

Se, geralmente, os perfumes cheiram muito bem, é graças ao extraordinário cérebro dos experts da olfação! Os perfumistas, experts em odores, efetivamente seduziram seu córtex piriforme e seu hipocampo para imaginar em sua cabeça novas combinações.

A olfação é um sentido bem menos desenvolvido nos humanos que nos outros mamíferos. Não somente grandes quantidades de moléculas odoríficas devem estar presentes para ativar nosso olfato, mas, além disso, é para nós difícil distinguir um odor entre tantos outros. Rememorar mentalmente um odor é, pois, um desafio ainda mais difícil! Comparativamente, de fato nos parece bem mais fácil visualizar pelo pensamento um rosto ou um lugar, ou cantarolar uma canção em nossa cabeça, que imaginar sentir um odor.

Mas não para todos... Os experts da olfação, que estão na origem de novos perfumes, conseguiram sentir odores em sua cabeça que ninguém os imaginava. Para compreender, interessemo-nos inicialmente pelo funcionamento do sistema olfativo.


A rede complexa do sistema olfativo

Este se estende do nariz ao cérebro. Na cavidade nasal, uma zona de 10 centímetros quadrados chamada mucosa nasal é forrada com neurônios olfativos. Estes percebem moléculas odoríficas voláteis, graças a um grande número de receptores moleculares diferentes, situados na superfície dos neurônios, o que provoca sua ativação. O sinal elétrico nervoso produzido será transmitido ao bulbo olfativo onde se produz a primeira integração da informação. A seguir, o sinal é enviado para o nervo olfativo ou córtex cerebral, que se encarrega de identificar o odor.




A imageamento por ressonância magnética funcional mostra que os odores ativam o cérebro em nível dos dois hemisférios.

Créditos: J.P. Royet, CNRS.


Se os perfumistas são realmente capazes de sentir um odor pelo pensamento, as zonas do cérebro associadas aos odores deveriam, portanto, ser ativadas. Os pesquisadores franceses Jane Plailly e Jean-Pierre Royet, do Laboratório de Neurociências Sensoriais Comportamento e Cognição (CNRS/Universidade Claude Bernard Lyon 1) e Chantal Delon-Martin, do Instituto de Neurociências de Grenoble (Inserm/Universidade Joseph Fourier) quiseram verificar a hipótese analisando, com a ajuda do imageamento por Ressonância Magnética Funcional (IRMf), o cérebro de 14 "experts" e de quatorze estudantes de perfumaria (do Instituto Superior Internacional da Perfumaria, da Cosmética e da Aromática, em Versailles, França) em plena percepção olfativa real ou imaginária.

Os resultados, publicados na revista Human Brain Mapping, mostram a presença de afluxos sanguíneos importantes em nível do córtex olfativo primário (ou córtex piriforme), que os voluntários estavam realmente percebendo um odor. A memória olfativa existe realmente e, portanto, seu mecanismo parece similar a aquele da memória visual ou auditiva, onde as zonas cerebrais ativadas pela lembrança são idênticas àquelas ativadas por uma verdadeira sensação.


A plasticidade do cérebro

A exemplo do cérebro dos sommeliers, que reage bem mais especificamente à degustação de um vinho que o cérebro de um simples amador, os "experts da olfação" conseguiram treinar seu cérebro à custa de exercícios cotidianos! Segundo as imagens do cérebro obtidas pela IRMf, a ativação do córtex piriforme (associado à olfação) e o hipocampo (implicado na memória) é menos intensa nos profissionais que nos estudantes.

Assim, os experts profissionais experimentados são mais eficientes e mais rápidos para recriar mentalmente sensações de moléculas odoríficas, mesmo complexas (dihidromircenol, triplal, benzil, acetato), com uma eficácia que cresce com o número de anos de experiência. A adaptação do cérebro é uma ferramenta preciosa, que lhe permite jogar facilmente com as diferentes fragrâncias para criar mentalmente novas combinações.

Futura Sciences (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, de título "Experience induces functional reorganisation in brain regions involved in odor imagery in perfumers. Human Brain Mapping", de autoria de Jane Plailly, Chantal Delon-Martin and Jean-Pierre Royet, foi publicado na revista Human Brain Mapping, on-line, em março de 2011, DOI: 10.1002/hbm.21207.


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