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Melhor que antibióticos ? Filtro de nanoporos mata superbactérias.

Concebido na Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU - Nanyang Technological University), Cingapura, o filtro vem na forma de um revestimento, que possui característica magnética capaz de atrair as bactérias e as mata sem haver necessidade do uso de antibióticos.

O "revestimento assassino", que mostrou capacidade para destruir 99% das bactérias e fungos que entram em contato com ele, está sendo usado agora por duas empresas: uma fabricante de lentes de contato e uma especializada em produtos de cuidados com animais. O próximo passo é estender o seu uso a uma ampla variedade de produtos biomédicos e de consumo, abrangendo desde implantes e instrumentos cirúrgicos a utensílios de cozinha e talheres, uma vez que o mesmo é inofensivo às células humanas.

Essa é uma solução alternativa que poderia substituir os antibióticos - a principal defesa contra bactérias atualmente - hoje impotentes contra superbactérias. A ideia foi da Professora Mary Chan, da Escola de Química e Engenharia Biomédica do NTU, que criou o revestimento feito de metacrilato de dimetildecilamônio quitosana, ganhou espaço na prestigiosa revista internacional Nature Materials.



Bactéria MRSA em contato com lentes de contato.

Créditos: Nanyang Technological University).


Esse polímero "tipo esponja" possui uma carga positiva, que atua como ímã para atrair bactérias que têm uma carga negativa em suas paredes celulares. Quando a bactéria entra em contato com o revestimento, as paredes celulares são "sugadas" pelos nanoporos, causando a ruptura das células e, portanto, matando as bactérias.

"Os revestimentos também podem ser usados em instrumentos biomédicos, como cateteres e implantes, para prevenir infecções bacterianas, sendo estas uma causa de grande preocupação, uma vez que as bactérias agora estão desenvolvendo resistência aos antibióticos - atualmente, nossa principal fonte de tratamento de infecções", disse a Professora Chan.

"Ao desenvolver novos materiais que usam interação física para matar as células bacterianas, acreditamos que isso pode se tornar uma forma alternativa de tratamento de infecções desse tipo em um futuro próximo".

O revestimento mostrou-se eficiente com superbactérias como a Pseudomonas aeruginosa, que pode causar infecções na via respiratória superior, no trato intestinal e urinário e a Staphylococcus aureus, que pode causar infecções que variam desde furúnculos de pele a abscessos de doenças fatais, como pneumonia e meningite.

Esta pesquisa de um revestimento antimicrobiano de amplo espectro foi inicialmente desencadeada pela Professora Chan, cujo objetivo era encontrar um caminho efetivo de combate a bactérias e fungos em lentes de contato, que poderiam causar infecções na córnea (ceratite microbiana), o que pode levar a problemas visuais permanentes.

De acordo com um estudo de 2006, a incidência anual estimada de uma infecção comum da córnea, provocada por fungo, a ceratite, causada pelo Fusarium, relacionada ao uso de lentes de contato, em Cingapura é de 2,35 por 10.000 usuários.

Aproveitando o sucesso do revestimento antibacteriano, a Professora Chan e seu estudante de doutorado, Li Peng, conseguiram fazer outra solução antimicrobiana, de amplo espectro, de um tipo semelhante, mas com seletividade maior, matando somente bactérias e fungos sem, todavia, danificar as células humanas In vitro.

Esta pesquisa foi publicada recentemente na importante revista Advanced Materials. Esse material líquido, baseado em um peptídeo-polissacarídeo antimicrobiano catiônico, é um polímero que é atraído pelas paredes celulares microbianas. Quando os dois entram em contato, a integridade da parede celular é perturbada, o que leva à sua ruptura e consequente morte do micróbio.

Como esse novo material mata células pela destruição de suas paredes celulares, torna extremamente difícil para as bactérias desenvolverem uma resistência efetiva.

A Professora Chan espera prosseguir com o desenvolvimento dessa solução em aplicações como cremes e loções, que podem ser usadas para desinfecção e tratamento de ferimentos sérios ou crônicos, como lesões sofridas por pacientes diabéticos, matando qualquer bactéria presente que seja resistente a antibióticos.

"Nosso objetivo a longo prazo é desenvolver isso em uma forma ingerível, de modo que seja possível tratar infecções bacterianas eficientemente, mesmo internas ao corpo, como pneumonia e meningite, substituindo os antibióticos por um tratamento padrão", acrescentou ela.

Os dois protótipos antimicrobianos - o revestimento e a solução líquida - levaram um total de cinco anos de pesquisa e custos de mais de U$800.000,00 para serem desenvolvidos.

A Professora Chan agora pretende melhorar a solução líquida, desenvolvendo-a, nos próximos cinco anos, até torná-la um substituto para os antibióticos, seguro e comprovadamente eficaz, uma vez que a demanda por tais alternativas será ainda maior, com a rápida emergência de superbactérias.

Nanyang Technological University (Tradução - AGS).


Nota do Scientific Editor - O trabalho "A polycationic antimicrobial and biocompatible hydrogel with microbe membrane suctioning ability", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Peng Li, Yin Fun Poon, Weifeng Li, Hong-Yuan Zhu, Siew Hooi Yeap, Ye Cao, Xiaobao Qi, Chuncai Zhou, Mouad Lamrani, Roger W. Beuerman, En-Tang Kang, Yuguang Mu, Chang Ming Li, Matthew W. Chang, Susanna Su Jan Leong e Mary B. Chan-Park, tendo sido publicado no periódico Nature Materials, vol. 10, págs. 149-156, 20, DOI:10.1038/nmat2915.


Assuntos Conexos:

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