Laboratório de Química do Estado Sólido
 LQES NEWS  portfólio  em pauta | pontos de vista | vivência lqes | lqes cultural | lqes responde 
 o laboratório | projetos e pesquisa | bibliotecas lqes | publicações e teses | serviços técno-científicos | alunos e alumni 

LQES
pontos de vista
artigos de revisão

artigos de opinião

editoriais

entrevistas

divulgação geral

divulgação LQES

 
DIVULGAÇÃO

Deficientes visuais têm agora uma nova aliada : a microeletrônica renova as esperanças.

Os avanços no domínio da microeletrônica representam uma esperança para milhares de cegos que, em longo prazo, poderão vencer sua deficiência, graças à implantação de chips eletrônicos e ao desenvolvimento de retinas biônicas aperfeiçoadas. Alguns desses avanços tecnológicos são uma realidade. As primeiras aplicações práticas já deram seus frutos: o fato de poder distinguir simples contornos ou figuras, não deve ser visto apenas como uma solução pobre para um problema de tal magnitude, uma vez que pode liberar o deficiente do constrangimento de ter que se deslocar com uma bengala ou com um cão.

Graças ao norte-americano William Dobelle, pesquisador do Columbia Presbyterian Medical Center, de Nova York, e a seu olho biônico, desde o ano 2000, várias pessoas conseguiram recuperar uma certa capacidade visual, a partir de eletrodos implantados sobre a superfície do cérebro. Esse sistema revolucionário permitiu a diversos deficientes ler letras de tamanho grande e perceber o ambiente circundante.

Em suas grandes linhas, o procedimento é simples e compreende: mini câmeras situadas sobre os óculos, que captam a imagem e a enviam a um computador que o indivíduo traz consigo. Uma vez tratada, a imagem é enviada sob forma de impulsos elétricos, via cabos, até o córtex cerebral, onde se encontram implantados um total de 68 eletrodos. O indivíduo percebe, então, um ambiente escuro, no qual diferentes formas se identificam a pontos luminosos.

Após trinta anos de pesquisa, o aperfeiçoamento do trabalho de Dobelle pode vir de um projeto internacional, financiado pela União Européia, no qual colaboram, além de um grupo espanhol, cientistas alemães, franceses, portugueses e austríacos.

É bom que se saiba que as causas do maior número de casos de cegueira têm em sua origem um problema de retina, globo ocular, íris, córnea ou nervo óptico, mas, geralmente, a zona do cérebro destinada a tratar as imagens, o córtex occipital, permanece totalmente operativa. Nesse caso, conforme Eduardo Fernandez, do Instituto de Engenharia da Faculdade de Medicina da Universidade Miguel Hernandez, de Elche (Espanha) é possível transmitir o que o indivíduo deveria ver, empregando-se uma retina chamada "bioinspirada", e fazendo-o de forma a que os sinais elétricos, uma vez tratados, cheguem ao cérebro e recriem a imagem que o deficiente visual tem diante dos olhos.

Todavia, só dentro de 5 a 10 anos é que serão realizados os primeiros testes em seres humanos. O responsável pelo projeto na Espanha quer descartar qualquer anseio de recuperação total da visão, para não gerar falsas esperanças junto aos cegos: a visão que se obterá a partir de eletrodos será sempre limitada, o campo de visão estreito e a imagem "pixelizada", como a que aparece em telas de anúncio eletrônico.

Mas,... considere-se que, no caso de um cego total, essa ajuda - mesmo que reduzida -, poderá abrir-lhe um universo de possibilidades, no que diz respeito à sua vida profissional e à sua qualidade de vida.

Comparativamente ao modelo desenvolvido por Dobelle, o projeto Cortivis pretende melhorar não somente a visão do paciente, mas também seu conforto e segurança. Em essência, os sinais que chegam ao cérebro não são nada mais que corrente elétrica. As experiências anteriores utilizavam uma corrente da ordem do miliampère, capaz de provocar outras patologias, dentre elas a epilepsia. No caso atual, será empregada entre 1.000 e 10.000 vezes menos eletricidade, uma vez que os eletrodos estarão mais espaçados uns dos outros.

Além do mais, os pacientes operados por Dobelle viam sua vida ligada a uma série de cabos conectando os óculos ao computador, e este aos eletrodos: tais cabos podem ser uma fonte de infecção e os membros do Projeto Cortivis pensam substituir essas conexões por um sistema de radiofreqüência, a um só tempo melhor para o paciente e muito menos constrangedor.

Assim, a possibilidade de dar a visão a um deficiente visual, em um futuro mais ou menos distante, passa pela obtenção de uma retina artificial, a qual trabalharia da mesma forma que uma retina natural.

O Instituto de Microeletrônica de Sevilha, centro associado ao CSIC (Conselho Superior de Pesquisa Científica, equivalente ao CNRS francês e ao CNPq brasileiro), desenvolve atualmente um chip, capaz de armazenar todo um sistema de visão. O VSOC, um dos chips mais avançados de sua categoria, vai bem além dos resultados obtidos por seus predecessores. Este, a exemplo de uma retina natural, não se contenta apenas em exercer simples funções fotorreceptoras: pode captar, codificar e interpretar a informação, à grande velocidade, como explica Angel Rodriguez, professor de Eletrônica da Universidade de Sevilha e chefe do Projeto.

As aplicações atuais do chip VSOC não estão, entretanto, apenas ligadas à prática clínica. Ele pode igualmente ser integrado a máquinas que precisam "enxergar" como os humanos, a fim de melhorarem sua eficiência. Por exemplo, o chip poderá prevenir sobre um perigo de colisão, quando colocado sobre a parte frontal de um veículo. Esse chip poderá, portanto vir, um dia, a substituir a função da retina, contudo serão ainda necessários muitos anos de trabalho.

Mais informações podem ser obtidas em http://bioingenieria.umh.es.

La Razon Digital, 12 de Abril, 2004. (Tradução/Texto - MIA)


Conheça mais sobre o assunto:
Mais uma tecnologia em prol de deficientes visuais.
A tecnologia ao encontro dos deficientes visuais.
"Olho eletrônico": novas possibilidades para deficientes visuais.
Uma tela táctil para deficientes visuais.

 © 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco