LQES
lqes cultural
ano internacional da Química

arte e ciência

cultura das ciências

links culturais

 
ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA


Marie Salomea Sklodowska-Curie : Biografia e Trabalhos - Parte I.


Biografia



  • Infância na Polônia

Maria Salomea Sklodowska nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 7 de novembro de 1867. Filha de um professor de matemática e física e de uma professora primária, no espaço de dois anos perdeu a irmã, Sofia, e a mãe. A primeira morreu de tifo, em janeiro 1876, a mãe, tuberculosa, em 9 de maio de 1878. Refugiou-se, então, nos estudos, mostrando-se superior em todas as disciplinas, tendo sempre sido atribuída a ela a nota máxima. Ao final dos estudos secundários, em 1883, obteve o diploma e uma medalha de ouro. Aderiu à doutrina positivista de Auguste Comte e participou da educação clandestina das massas, em reação à russificação da sociedade. Varsóvia estava sob o domínio da Rússia, e, no quadro de repressões que se seguiram à insurreição polonesa de 1863, o acesso à universidade era proibido às mulheres. Marie juntou-se à Universidade Volante ilegal.




Casa onde nasceu Marie, em Varsóvia.

Créditos: Wikipedia.


  • Estudante da Faculdade de Ciências de Paris

Em novembro de 1891, Marie Partiu para Paris, onde foi aceita para seguir, na Faculdade de Ciências, estudos em ciências físicas e matemáticas. Frequentou os cursos dos matemáticos Paul Painlevé, Paul Appell e dos físicos Léon Brillouin e Gabriel Lippmann. Dois anos mais tarde, em julho de 1893, obteve sua licenciatura em ciências físicas, sendo a primeira de sua turma, e, um ano depois, sua licenciatura em ciências matemáticas, sendo a segunda. Juntou-se a seguir ao Laboratório de Pesquisas Físicas de Gabriel Lippmann.

Na primavera de 1894, conheceu Pierre Curie, com quem se casou, em Sceaux, em 26 de julho de 1895. Em 1896, foi admitida no grau de agregada de universidade, na área de física. Em 1897, deu à luz Irène, sua primeira filha.


  • Doutorada pela Escola de Física e de Química

Em dezembro de 1897, começou na Escola Municipal de Física e de Química Industriais de Paris trabalhos de tese sobre o estudo das radiações produzidas pelo urânio, descobertas por Henri Becquerel, naquele momento ainda chamadas raios urânicos, pois se acreditava serem específicas deste elemento. Utilizando as técnicas desenvolvidas por seu marido, analisou as irradiações de um minério rico em urânio, a pechblenda.

Em 1898, Pierre deixou de lado seus trabalhos sobre a piezoeletricidade para se juntar à sua esposa em seus estudos sobre a radioatividade. Obteve autorização do diretor da Escola de Física e de Química para utilizar um atelier no porão. Os tratamentos químicos eram realizados em um barracão, ao lado do atelier, separado unicamente por um pátio.

Nesse laboratório improvisado onde estudavam a pechblenda, descobriram dois novos elementos. Em 18 de julho de 1898, Marie Curie anunciou a descoberta do elemento químico polônio, assim chamado em homenagem a seu país de origem. Em 26 de dezembro, com Gustave Bémont, anunciou a descoberta do rádio. Foi necessário tratar várias toneladas de pechblenda para se obter menos de uma grama deste elemento. Estas extrações foram feitas a partir de toneladas de minério, e efetuadas em condições difíceis, em locais desprovidos de qualquer conforto. O químico alemão Wilhelm Ostwald, visitando o local de trabalho de Pierre e Marie Curie, declarou: "O laboratório tinha ao mesmo tempo algo de estábulo e de barracão de batatas. Se eu nunca tivesse visto aparelhos de química, acreditaria que debochavam de mim".




Pierre e Marie Curie em seu laboratório na Escola Municipal de Física e de Química Industriais de Paris.

Créditos: Wikipedia.




Placa indicativa do laboratório onde trabalharam Pierre e Marie Curie na Escola Municipal de Física e de Química Industriais de Paris. A placa apresenta os dizeres: "Aqui se encontrava o laboratório no qual Pierre e Marie Curie descobriram o rádio 1896 - 1902".

Créditos: LQES (OLA), 2010.




Fachada da Escola Municipal de Física e de Química Industriais de Paris

Créditos: LQES (OLA), 2010.


Em 26 de outubro de 1900, Marie Curie se tornou professora na Escola Normal Superior para Moças, de Sèvres. Durante o ano de 1903, defendeu, em 25 de junho, sua tese sobre as substâncias radioativas.

Em 10 de dezembro de 1903, Marie Curie recebeu, com seu marido e Henri Becquerel, o prêmio Nobel de Física, "como reconhecimento pelos serviços prestados, por sua pesquisa em comum, sobre o fenômeno das radiações, descoberto pelo professor Henri Becquerel". Ela foi a primeira mulher a receber um prêmio Nobel. Neste mesmo ano, foi também a primeira mulher laureada com a Medalha Davy.



Entrada da Maison Cuvier, onde Henry Becquerel descobriu a radioatividade.

Créditos: LQES (OLA), 2009.




Detalhe da placa na entrada da Maison Cuvier. Henry Becquerel foi o orientador da tese de doutoramento de Marie Curie, defendida na Faculté des Sciences de Paris, em 12 de junho de 1903.

Créditos: LQES (OLA), 2009.



No ano seguinte, recebeu a medalha Matteucci. Neste mesmo ano, em 6 de dezembro, nasceu Éve, sua segunda filha.

  • Professora na Sorbonne

Em 19 de abril de 1906, Pierre faleceu acidentalmente apanhado por um carro puxado por cavalos. Em novembro, ela o substitui em sua cátedra de professor na Sorbonne. Foi a primeira mulher a dar cursos nesta universidade. Em 1909, foi nomeada professora titular em sua cadeira de Física Geral, depois de Física Geral e Radioatividade.

Em 10 de dezembro de 1911, Marie Curie recebeu seu segundo prêmio Nobel, "em reconhecimento pelos serviços prestados para o avanço da química, pela descoberta de novos elementos: o rádio e o polônio, pelo estudo de sua natureza e de seus compostos". Ela foi a primeira pessoa a obter dois prêmios Nobel por seus trabalhos científicos. O segundo foi Linus Pauling, que recebeu o primeiro por seus trabalhos científicos em química, em 1954, e o segundo por sua ação em favor da paz, em 1962.




Foto de Marie Sklodowska-Curie (de 1911), quando de seu segundo Prêmio Nobel.

Créditos: Wikipedia.



Ela participou do primeiro Congresso Solvay, em 1911, que reuniu numerosos físicos, tais como Max Planck, Albert Einstein e Ernest Rutherford, que mudaram nossa maneira de perceber o mundo. Ela foi a única mulher nesse congresso, organizado e financiado por Ernest Solvay, químico e industrial belga.




Congresso Solvay, 1911.

Sentados (da esquerda para direita): Walther Nernst, Marcel Brillouin, Ernest Solvay, Hendrik Lorentz, Emil Warburg, Jean Baptiste Perrin, Wilhelm Wien, Marie Curie, Henri Poincaré.

Em pé (da esquerda para direita): Robert Goldschmidt, Max Planck, Heinrich Rubens, Arnold Sommerfeld, Frederick Lindemann, Maurice de Broglie, Martin Knudsen, Friedrich Hasenöhrl, Georges Hostelet, Edouard Herzen, James Hopwood Jeans, Ernest Rutherford, Heike Kamerlingh Onnes, Albert Einstein, Paul Langevin.

Créditos: Benjamin Couprie.


  • O Instituto do Rádio

Final de 1909, o professor Émile Roux, diretor do Instituto Pasteur, propõe a criação do Instituto do Rádio, dedicado à pesquisa médica contra o câncer e o tratamento do mesmo por radioterapia. Não obstante à notoriedade de Marie Curie e de seu Prêmio Nobel, foi preciso que se aguardasse 1911 para o começo dos trabalhos subvencionados por Daniel Osiris. O Instituto, situado na rua do Ulm, foi terminado em 1914, exatamente antes da Primeira Guerra Mundial. Ele reuniu dois laboratórios com competências complementares: o Laboratório de Física e de Química (Pavilhão Curie), dirigido por Marie Curie, e o Laboratório Pasteur, centrado em radioterapia, dirigido por Claudius Regaud.





Entrada do Instituto do Rádio (hoje Institute Curie), em Paris.

Créditos: Insidethetravellab.


  • Os "Pequenos Curies"

Quando da eclosão da guerra, Marie Curie foi mobilizada, assim como os outros membros do Instituto do Rádio, que fechou temporariamente durante a guerra. Ao lado de Antoine Béclère, diretor do serviço de radiologia das armadas, ela participou da concepção de dezoito unidades cirúrgicas móveis, apelidadas os "Petites Curies", tendo a particularidade de poder estar próximas dos campos de batalha e, assim, limitar os deslocamentos dos feridos. Possibilitavam ainda que fossem feitas radiografias dos doentes, operação utilíssima para que se pudesse situar mais precisamente o local das balas e facilitar as cirurgias. No Instituto do Rádio, Marie Curie formou radiologistas-ajudantes.




Madame Curie em um de seus "Petites Curies".

Créditos: Wikipedia.



Em 1916, obteve sua autorização para dirigir e ia regularmente ao front realizar radiografias. Irène, com apenas dezoito anos, fazia a mesma coisa em vários hospitais de campanha, durante toda a guerra.

Em 1918, terminada a guerra, Marie Curie pôde finalmente ocupar seu posto no Instituto do Rádio. Sua filha Irène passou a ser sua assistente. O Instituto do Rádio, mais tarde, recebeu o nome de Instituto Curie.

  • Um símbolo do feminismo

Em 20 de maio de 1921, quando de sua primeira viagem aos Estados Unidos, Marie Curie pôde comprar um grama de rádio, na fábrica de rádio de Pittsburgh, após uma coleta de 100.000 dólares americanos, feita junto às mulheres americanas e organizada pela jornalista Marie Mattingly Meloney. Em 1929, sempre graças às mulheres americanas, recebeu um novo grama de rádio, que doou à Universidade de Varsóvia.

Em 1926, juntamente com sua filha Irène, visitou cidades brasileiras como Lindóia e Belo Horizonte.




Visita de Madame Curie e sua filha Irène ao Instituto do Radium de Belo Horizonte (depois chamado Instituto Borges da Costa). Acervo da Sala Borges da Costa, Cememor (UFMG)

Créditos: Cememor.


  • Doença

Após grande exposição a elementos radioativos, Marie Curie adoeceu, atingida pela leucemia. Não obstante sua fraqueza, continuou na direção da Secção de Física e de Química do Instituto do Rádio. Foi internada no sanatório de Sancellemoz, na Alta-Savóia (França), em 1934, onde faleceu em 4 de julho.


Trabalhos

  • Descoberta do rádio e do polônio

Marie Curie foi contratada por Henri Becquerel para estudar os raios urânicos. Inicialmente trabalhou sobre o urânio, depois sobre a pechblenda, cuja radiação, bem mais intensa, acabava de ser observada. Ela desenvolveu um método radioquímico a fim de determinar a origem precisa da radiação da pechblenda: separar, depois purificar, depois precipitar. Este método foi usado para permitir isolar os elementos responsáveis pela radiação mais intensa.

Em 1898 foi medida a atividade do rádio, depois do polônio. Por tais trabalhos, Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie obtiveram o prêmio Nobel em 1903. Esta foi a primeira demonstração da existência dos átomos de rádio e de polônio, que, embora existindo, são instáveis. Tal descoberta questiona a concepção grega antiga que colocava que a matéria era "inquebrável" e eterna, e que existia, portanto, um número finito de átomos estáveis.


  • Determinação do peso atômico do rádio

Para determinar o peso atômico do rádio, Marie Curie dissolveu cloreto de rádio de massa conhecida, depois fez precipitar os íons cloreto pelo acréscimo de nitrato de prata. Determinando a massa do cloreto de prata precipitado, conhecendo os pesos atômicos do cloro e da prata, pôde deduzir o peso do cloro no cloreto de rádio inicial e, assim, determinar, por simples subtração, o peso atômico do rádio.

Wikipedia (fr, en) (Tradução e Adaptação -MIA).


 © 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco