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ARTIGOS DE OPINIÃO
O drama das universidades brasileiras. O Censo da Educação Superior de 2013 conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) registrou 7.305.977 matriculas nos 32.000 cursos de graduação que são oferecidos em 2.391 Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil. O sistema universitário brasileiro é oferecido em universidades, faculdades, institutos superiores e centros de educação tecnológica sendo que cerca de 300 são públicas e 2.090 privadas onde estudam cerca de 71% de estudantes universitários brasileiros. Apesar da alta competitividade para o acesso ao ensino superior a taxa de evasão é significativa sendo de 12% nas IES públicas e 25% nas privadas. Essa elevada evasão tem muitas causas, entre elas, a formação básica deficiente, falta de maturidade, a escolha precoce da especialidade profissional, dificuldades financeiras, decepção com a pouca motivação e atenção dos professores e as dificuldades de mobilidade estudantil. A qualidade da educação superior tem sido questionada nos últimos anos. O Ministério de Educação (MEC), responsável pela avaliação, introduziu vários instrumentos e indicadores, tais como: o exame nacional de desempenho dos estudantes (ENADE), o conceito preliminar dos cursos (CPC), o índice geral dos cursos (IGC), o indicador de diferença entre os desempenhos observado e esperado (IDD) e o conceito e avaliação institucional. Os resultados das avaliações é tornado público pelo MEC. Além de serem utilizados para embasar políticas públicas e orientar os estabelecimentos de ensino na busca por melhorias, eles são observados pela sociedade, especialmente os estudantes, pois valem como referência quanto às condições de ensino de cursos e instituições. Os resultados dessas avaliações mostram uma qualidade melhor nas IES públicas em comparação com as privadas. Universidade brasileira em crise? Créditos: USP Imagens
No entanto outra dimensão precisa ser enfrentada que é a necessidade de uma revitalização da Universidade que está obsoleta e não evoluiu nas últimas décadas. O processo de escolha dos dirigentes deve ser repensado. Uma prioridade é que a Universidade se envolva de corpo e alma na melhoria do ensino básico formando um Professor contemporâneo que atue como estimulador e que encante os seus estudantes. Em adição abrir a Universidade para atividades de estudantes do ensino fundamental e médio. Sem egressos do ensino básico que pensem, que contestem, que criem, não teremos uma Universidade de qualidade. Durante o curso de graduação o estudante tem de ser estimulado a adquirir uma verdadeira cultura universitária além de ter as competências profissionais para as atividades que escolheu. As atividades clássicas em sala de aula devem ser reduzidas e o aprendizado deve ser feito em torno de temas e problemas. Ao contrário do que ocorre hoje onde somente as atividades de pesquisas são valorizadas, o ensino e a extensão devem ser também valorizados para a conquista de uma desejada simetria nos três pilares da Universidade: ensino, pesquisa e extensão. O ensino de pós-graduação deve ser também repensado tendo como base uma maior flexibilidade com a introdução atividades que estimulem a formação de lideranças e a responsabilidade social. A avaliação da pós-graduação precisa também ser repensada. A Universidade deve reconquistar a vanguarda para gerar uma estratégia que apontem para um futuro virtuoso do País. A crise na Universidade pode ser vencida e ela se tornar, como dizia Paulo Freire, uma instituição libertária que transforme o homem e o mundo. Correio Braziliense. |
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