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ARTIGOS DE OPINIÃO

Comunicação e avaliação por pares devem ser universalmente separados.



Durante muito tempo – séculos, na verdade – a comunicação científica se deu através da publicação de resultados de pesquisas e análises em periódicos. Estes periódicos foram publicados, impressos e distribuídos em nome de sociedades científicas e, posteriormente, também em veículos comerciais, algumas vezes à base de troca, mas principalmente por meio de assinaturas comercializadas a centros de ensino e pesquisa e, em menor escala, a outros, como departamentos de pesquisa e desenvolvimento de grandes empresas de manufatura. Embora os artigos fossem às vezes avaliados pelos pares, apenas bem depois da Segunda Guerra Mundial a revisão por pares foi introduzida como um processo de rotina para praticamente todos os artigos submetidos a periódicos. Isso serviu a vários propósitos, não apenas para limitar a quantidade de artigos publicados, uma vez que imprimir e distribuir periódicos era caro, e um julgamento tinha de ser feito sobre o que realmente mereceria o emprego do escasso dinheiro, levando muitos periódicos a selecionar critérios efetivos de qualidade e relevância para seus potenciais leitores. O tempo decorrido entre a submissão inicial e a publicação geralmente era bastante longo, às vezes muito longo.



Créditos: Col Ford and Natasha de Vere


Com o advento da Internet, a necessidade de distribuição física e impressa, e os custos associados a isso, desapareceram. Isso poderia significar um completo processo de repensar a forma como a ciência era comunicada, mas as tradições se mantinham, e a maior parte da comunicação científica ainda ocorre nos antigos paradigmas, concebidos na era da impressão. A comunicação ainda ocorre por meio de periódicos, artigos sendo avaliados por pares antes da publicação (embora as considerações sobre espaço, importantes quando precisavam ser impressos e distribuídos fisicamente, tivessem desaparecido em grande parte). A avaliação por pares assumiu um significado próprio e é amplamente considerada muito importante. O sistema de revisão por pares confere credibilidade, e até mesmo prestígio, a artigos publicados formalmente, mas retém a rapidez da comunicação, que a tecnologia de comunicação eletrônica poderia melhorar enormemente. Em outras palavras, a comunicação dos resultados da pesquisa é retida – até mesmo “mantida refém” – pela necessidade efetiva de avaliação por pares pré-publicação.

A avaliação por pares pode ser um bom começo de um discurso apropriado entre cientistas, mas sua necessidade de garantia de qualidade e relevância para certo público-alvo é discutível – e discutida. Parece que a avaliação por pares é mais necessária para o avanço da carreira e gestão da reputação do que para o progresso científico propriamente dito.

A tecnologia permite que ambos os processos – comunicação e revisão por pares – sejam separados. Em algumas áreas, como grandes partes da física, isso já se tornou uma questão óbvia, com “preprints” sendo publicados primeiro (a comunicação) e a revisão por pares (um processo de avaliação) sendo realizada posteriormente. Em certas outras áreas, os preprints também estão chegando, embora ainda lentamente.

Minha opinião é que estes processos devem ser universalmente separados, no interesse da rapidez e eficiência do progresso científico.

By Jan Velterop. SciELO em perspectiva. Posted: Maio 28, 2018.



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