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Fusão de universidades como fusão de empresas?

A exemplo de empresas, universidades, agora, objetivam fusionar-se. É isto mesmo: fundir-se! Imperial College e University College London (UCL), as duas universidades britânicas mais renomadas, anunciaram publicamente sua intenção de fundir-se, a fim de criar, em Londres, "a primeira universidade do mundo". Estas instituições, regularmente classificadas entre as melhores universidades britânicas têm, as duas, uma longa história de excelência.

O Imperial College, fundado em 1907, é reputado internacionalmente por seus departamentos de ciências, de tecnologia e de medicina. Ao longo de sua história, 14 de seus membros receberam o Prêmio Nobel, o último (em data) sendo Sir Paul Nurse, em 2001. A UCL, fundada em 1862, foi a primeira universidade a admitir mulheres, da mesma forma que homens, bem como estudantes de todas as raças e religiões.

As duas universidades justificaram seu projeto, pela necessidade de construir um conjunto competitivo, em nível global, no "mercado" mundial de educação superior. A coloração econômica do vocabulário empregado, certamente não é estranha aos percursos no setor privado dos dois decanos: Sir Richard Sykes, do Imperial College, presidiu a fusão entre a GlaxoWellcome e a SmithKline Beecham, enquanto diretor geral da GlaxoWellcome, e Sir Derek Roberts, da UCL, foi diretor geral adjunto da sociedade GEC.

A UCL e o Imperial College insistem no fato de que o volume representa para seus dois orçamentos combinados, que atingem 406,7 milhões de libras (por volta de 645 milhões de euros; 1 euro é aproximadamente igual a 1 dólar) em 2000/2001, contra 206,2 milhões e 192,4 milhões (de libras) para Oxford e Cambridge respectivamente, constituiria um trunfo maior. Em uma carta endereçada ao pessoal do Imperial College, Sir Richard Sykes estimou que a decisão de entabular discussões sobre uma fusão com a UCL é decorrência de anos marcados por um financiamento insuficiente.

O objetivo da fusão é rivalizar com as melhores universidades americanas e Sir Derek Roberts declarou que "aquela (a fusão) deixaria Oxford e Cambridge longe, bem atrás, e nos colocaria em uma posição de forte rivalidade com Harvard". Para responder à pressão competitiva mundial, Cambridge e Oxford desenvolvem igualmente parcerias do outro lado do Atlântico: o montante dos contratos de pesquisa entre Cambridge e Microsoft e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) alcança aproximadamente 200 milhões de libras (318 milhões de euros) e Oxford assinou um acordo de aproximadamente 100 milhões de libras (159 milhões de euros) com a Universidade de Princeton para favorecer as trocas de pesquisadores que trabalham na área de medicina e da defesa. Tal fusão teria, ao mesmo tempo, um caráter defensivo, uma vez que a UCL, se é reputada por sua excelência universitária, exibe uma situação financeira precária, que faria dela um alvo ideal a ser colocado sob controle de outra instituição. Esta situação, aliás, custou o cargo ao anterior decano Sir Chris Llewellyn Smith, posto fora por uma "revolução palaciana", instigada neste verão por universitários seniores da UCL. A ira destes explodiu em face da proposição de Sir Llewellyn Smith de operar cortes de 10% no orçamento, no âmbito do que qualificava de "reestruturação modesta", saindo de 12 milhões de libras (19 milhões de euros), em 1998, para 8 milhões de libras (13 milhões de euros) este ano.

A nova universidade teria 3000 funcionários, 3000 professores/pesquisadores e 4000 estudantes de pós-graduação. Tornar-se-ia uma das maiores universidades do país, com 27.500 estudantes em tempo integral. O Dr. Alisdaire Lockhart, porta-voz da UCL, estima que a combinação de recursos e departamentos permitirá à nova instituição atingir a "massa crítica" necessária a uma pesquisa de nível mundial. Conforme ele, a fusão era motivada por necessidades universitárias e, não, econômicas, não sendo feita, portanto, para a redução de pessoal.

Se é claro que a complementaridade das duas instituições em certos domínios é perfeitamente real (a UCL forma jurista, enquanto que o Imperial College forma quadros dirigentes, o Imperial é pouco versado em humanidades e ciências sociais, etc.), alguns duvidam do modelo econômico defendido pelos dois decanos para justificar a fusão; fazem ver que o orçamento atual de pesquisa das universidades americanas, claramente identificadas como rivais (Harvard, MIT, Yale, Princeton, Berkeley) não é muito mais elevado que o da UCL ou do Imperial, tomados separadamente.

O projeto igualmente suscita inquietudes na "University of London", instituição que congrega 18 "colleges" de Londres, entre os quais a London School of Economics, King's College, Goldsmiths e Queen Mary. Efetivamente, é provável que a nova universidade, oriunda da fusão da UCL e Imperial College fará com que desapareça a instituição.

Um documento formal, destinado aos conselhos de direção das duas universidades, será redigido até o final do ano em curso e, se a proposição for adotada, necessitará de um "Act of Parliament". Mas, em termos operacionais, as duas universidades poderão estar sob uma única direção, já no outono de 2003. Até agora nenhum nome foi escolhido para eventualmente dirigir a nova instituição.

Imperial College; The Independent, October 15, 2002; The Times, October 17, 2002. (Tradução/Texto - MIA)

Nota do Managing Editor: Este é um texto do final de 2002 (outubro), estamos no início de 2003 (janeiro). Logo, não se sabe ainda em que pé andam as coisas.

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