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ARTIGOS DE OPINIÃO
A qualidade da pesquisa no Brasil. A tese central é que, na ciência e na pós-graduação, quantidade não gera qualidade. O modelo de expansão do ensino superior e da pós-graduação como de resto todo o modelo geral do “avanço” educacional no país foi baseado na ideia de mais, mais e mais. No caso do ensino superior ainda houve um complicador: o modelo da expansão estava baseado no conceito da “Universidade” como paradigma (único) e no princípio (inscrito na Constituição brasileira) da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Como consequência, todo professor precisa ter mestrado ou doutorado. Resultado: produção em massa de mestres e doutores. Mesmo a flexibilização de modelos intermediários de faculdades isoladas e centros universitários ficou marcada pelo formalismo das exigências acadêmicas. Nossas elites sequer têm noção do grau de mediocridade em que convivem. (Leo Caldas/VEJA)
Uma andorinha não faz verão. Não devemos perder o espírito crítico nem o senso do ridículo pelo fato de termos alguns exemplos de sucesso. O ponto de partida é saber que o país não tem nenhuma universidade situada entre as 300 melhores do mundo. E apenas três entre as 500 melhores. Ou seja, a esmagadora maioria dos universitários brasileiros matriculados nas nossas “boas universidades” não frequenta ambientes nem convive com pesquisadores e instituições de ponta. Estamos na caverna de Platão. Qualquer nível da educação brasileira padece dos reflexos da política do “mais é melhor”. Mas na universidade, na pesquisa e na pós-graduação, o custo é maior e os danos, muito maiores ainda. Ademais, é aí que se formam as elites e as nossas sequer têm noção do grau de mediocridade em que convivem. “Em termos de Brasil” não bastar para sobreviver e prosperar no mundo globalizado. Ao refletir sobre as políticas de expansão do ensino superior no Reino Unido, em meados do século passado, C.P. Snow mostrava sua apreensão sobre os efeitos de um sistema que formava “doctors in all matters and masters in none”. Hora de refletir. João Batista de Oliveira. Veja. Acessado em: Fev 25. 2019.
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