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ARTIGOS DE OPINIÃO
Biotecnologia gera negócios. O homem é um ser intrinsecamente tecnológico. Desde a Antiguidade, procedimentos tecnológicos são utilizados para melhor adaptação ao habitat, quer pela descoberta e desenvolvimento do vestuário ou para a proteção de seu corpo, quer pela elaboração de novos alimentos como queijo, iogurte e cerveja que, na realidade, são produtos biotecnológicos, mesmo que a sua essência (as transformações químicas produzidas pelos microrganismos) só viesse a ser conhecida posteriormente. As intervenções produzidas pelo homem na natureza foram sendo incorporadas à sua cultura e, ao longo da sua caminhada evolutiva até os dias atuais, o ser humano vem fazendo ciência - só que em ritmo extraordinariamente rápido - ao aplicar seus conhecimentos para atender às suas necessidades. Para alguns, entretanto, o marco inaugural da ciência é o ano de 1609, quando Galileu Galilei observou a lua por meio de um tosco telescópio. Embora a ciência sempre estivesse com o homem, este foi um momento novo e revolucionário, em que o homem ousou enxergar o impossível. Dando um grande salto na história, chegamos ao século 20, considerado o século da tecnologia, pois foi neste tempo que o homem e a humanidade acumularam um caudal de conhecimentos jamais observado. Em determinadas áreas da ciência, como a biotecnologia, a matriz do conhecimento passou a ser reformulada completamente a cada cinco anos e tanto neste como em outros ramos da ciência, a ficção parece ter, finalmente, se confundido com a realidade. O marco considerado decisivo para o nascimento da biotecnologia moderna foi a descoberta da estrutura duplamente helicoidal do DNA realizada por James Watson e Francis Crick, em 1953. Este fato acelerou de modo irreversível o desenvolvimento da genômica. O primeiro teste em campo de uma planta geneticamente modificada aconteceu em 1987, com uma espécie de tomate resistente a vírus. Isso foi seguido de uma incontrolável disseminação de experimentos na agronomia, até chegar ao ano de 2003, com o planeta ostentando a cifra de 167,2 milhões de acres de plantas geneticamente modificadas em 18 países. A partir de então, os avanços da biotecnologia têm sido espetaculares. Atualmente, a saúde constitui 85% de todos os investimentos em biotecnologia. Hoje, existem mais de 370 drogas e vacinas de origem biotecnológica em estudo clínico para sua aplicação em humanos, com a finalidade de vencer os desafios representados pelo câncer, doença de Alzheimer, diabetes, cardiopatias, esclerose múltipla e Aids, dentre outros. Hoje, somente nos Estados Unidos da América, o número de empresas de biotecnologia é superior a 1.500, um terço das quais com ações negociadas nas bolsas de valores, com transações financeiras estimadas em mais de US$ 300 bilhões. Avalia-se que este setor de indústria e negócios possa movimentar algo em torno de US$ 30 bilhões anuais, somente neste país. Nota do Managing Editor: José Geraldo de Freitas Drummond é presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Brasil). Esta matéria foi primeiramente veiculada no site Hoje em Dia (//www.hojeemdia.com.br), em 31 de outubro de 2005. |
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