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ARTIGOS DE OPINIÃO
País precisa inovar naquilo que já produz. O avanço brasileiro no campo da inovação tecnológica busca avanços na fronteira da tecnologia, mas foco central, de olho na competição com a China, deve ser na busca de soluções inovadoras para produtos tradicionais. Essa foi uma das principais conclusões dos especialistas do governo e do setor privado que participaram ontem de um painel sobre "A Inovação Tecnológica como Estratégia para Alcançar o Alto Crescimento", no último dia de discussões do XVIII Fórum Nacional, no Rio. "O importante é termos em mente que não competiremos com a Coréia (do Sul), Taiwan, naturalmente, Japão, que estão rigorosamente na fronteira (tecnológica). Nós temos que nos reafirmar é no tradicional, o que não quer dizer que não tenhamos que fazer várias incursões na tecnologia, como já estamos fazendo", disse o diretor de Planejamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antonio Barros de Castro. Castro definiu as incursões de empresas do país na fronteira tecnológica como "um resíduo maravilhoso", mas que "em termos de massa, isso não decide". Na raiz da opção brasileira, segundo a avaliação do diretor do BNDES, está a concorrência com a China. Segundo ele, o Brasil fez na década de 1990 um grande esforço de atualização industrial, ainda na base de copiar soluções modernas que já existiam nas gavetas das multinacionais e das empresas domésticas, quando foram abandonados alguns setores e reforçados outros. Hoje, o desafio seria partir para a inovação, mas consciente de que o país, como a China, é um especialista em fabricação de produtos e que essa similaridade o coloca hoje em situação de inferioridade na competição internacional com os chineses. "O Brasil não tem a escala da China, não fez a espetacular modernização da infra-estrutura que os chineses fizeram, tem os juros, etc", ressaltou Castro. O diretor do BNDES disse que o banco ainda está debruçado sobre esse problema, mas está trabalhando com a hipótese de que o Brasil, além de políticas horizontais de inovação, terá que fazer "políticas de especialização e escolhas estratégicas". Castro destacou a nova política operacional do banco para inovações, R$ 1 bilhão com spread de risco zero e juros fixos de 6% ao ano e disse que o banco está cuidando de estabelecer filtros para essa linha, definindo o que é realmente financiável. Roberto Nicolsky, diretor-geral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec) - organização não-governamental que reúne entidades empresariais -, disse que o importante em inovação não é descobrir novos produtos, mas agregar valor ao que já existe. Nicolsky destacou que o telefone celular foi inventado pela empresa sueca Ericsson, mas a liderança do mercado ficou com aquelas que aperfeiçoaram o produto, como a finlandesa Nokia e a coreana Samsung. O diretor da Protec disse que inovação representa risco empresarial e que é preciso que as empresas tenham apoio financeiro, seja sob a forma de financiamento diferenciado, subvenção direta ou incentivos fiscais para que elas se disponham a correr esse risco, como nos países ricos. Nicolsky elogiou a nova postura do BNDES quanto aos financiamentos para inovação. "O BNDES compreendeu que empresa que não inova é um mau risco", disse. Nota do Managing Editor: esta matéria é de autoria de Chico Santos, Jornal Valor Econômico (www.valoronline.com.br), tendo sido veiculada também no site da Sociedade Brasileira Pro-Inovação Tecnológica - Protec (www.protec.org.br), em 15 de junho de 2006. |
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