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Pronunciamento do Professor Oswaldo Luiz Alves quando da Solenidade de Abertura do Nanotech Business 2007 - 1o Congresso Brasileiro de Nanobusiness.


Prezadas Senhoras e Senhores,

Em nome do Senhor John Edwin Mein, gostaríamos de saudar a todos os integrantes da mesa.

Que nossas primeiras palavras sejam de agradecimento a RJR Consultores, na pessoa do Sr. Ronaldo Marchese, pelo convite para participar desta Solenidade de Abertura da Nanotech Business 2007 - 1o Congresso Brasileiro de Nanobusiness.

Para nós, reveste-se de relevância ímpar a possibilidade de, neste momento, podermos estar aqui participando deste importante evento, que certamente constituir-se-á num marco para a Nanotecnologia brasileira.

Hoje está bem claro que a Nanotecnologia tem como uma das características cruzar as fronteiras da química, física, ciências biológicas, engenharias e tecnologias. Daí o fato de, não raras vezes, a qualificarmos como uma área de conhecimento "pervasiva". É certamente um dos tópicos mais discutidos na comunidade de pesquisa quer brasileira, quer internacional, e mesmo fora dela, o que faz com que os avanços neste campo venham "catalisando" a transformação de número altamente significativo das principais empresas e anunciando impactos sociais e econômicos de grande amplitude.

A Nanotecnologia, como os Senhores bem o sabem, envolve o design e a manufatura de produtos na escala nanométrica, escala esta na qual os materiais exibem propriedades extraordinárias com aplicações revolucionárias. A faixa destas aplicações é certamente ilimitada.

Na universidade e centros de pesquisa pesquisadores vêm desenvolvendo aplicações e empresas começam a comercializar novos fármacos, dispositivos semicondutores, sistemas de energia, novos polímeros, novas soluções para problemas energéticos, novas soluções para a agricultura, enfim, a produção de novos produtos e a construção de soluções baseados na apropriação dos conhecimentos da Nanotecnologia. Isto vem fazendo com que os CEOs das empresas, advogados, legisladores, acadêmicos e financistas estejam permanentemente discutindo os aspectos legais, éticos, comerciais, de propriedade intelectual, metrológicos e políticos dela decorrentes.

De fato, muitos investidores vêem a nanotecnologia como representando a próxima grande "onda tecnológica".

Como vimos, a Nanotecnologia - entre inúmeros de seus aspectos singulares -, é uma ciência na qual cada componente poderá vir a dar existência a seu correspondente na atividade industrial.

Tal aspecto, certamente, fará com que a Nanotecnologia tenha um impacto altamente significativo sobre a vida econômica do país, em razão do setor industrial: volume de produção, número de empregos gerados, etc., indo muito além disso, dado que ainda poderá vir a desempenhar um papel estratégico, alimentando direta ou indiretamente todas as outras atividades, inclusive aquelas de natureza social, quando conectadas às políticas públicas. Recentemente coordenamos um estudo publicado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Núcleo de Estudos Estratégicos (NAE) da Presidência da República onde tais aspectos foram destacados e enfatizados.

Dentro de uma economia que contempla o desenvolvimento industrial como um dos fatores de progresso, a manutenção da competitividade das indústrias e seu desenvolvimento estão estreitamente ligados à pesquisa científica e, sobretudo, ao sucesso de sua pesquisa fundamental: única capaz de garantir a geração e o progresso de novos conhecimentos da matéria e de suas transformações.

É dentro deste horizonte que as relações entre academia, universidade e setor produtivo adquirem efetivamente seu papel de "driven-force".

A academia brasileira tem um número importante de pesquisadores em todos os estágios de carreira atuando nos mais diferentes aspectos da Nanotecnologia, como mostramos em estudo recente. As principais universidades do país estão com pesquisas importantes em realização, espelhada por um parque industrial altamente competente. Muitas universidades brasileiras vêm se aparelhando para vencer o desafio da interação empresa-universidade no qual, lembremo-nos, tem grande relevância as questões ligadas à propriedade intelectual, à cultura de patentes, à própria aplicação e utilização da Lei de Inovação.

Hoje - e isso é bastante claro para nós -, os grandes "cases" brasileiros envolvendo o setor produtivo e a academia, dentro do cenário da nanotecnologia, obedeceram a um percurso no qual empresa e academia começaram a trabalhar conjuntamente, desde a escolha do tema, da formatação do projeto de pesquisa e das metas a serem buscadas. Assim, empresas e pesquisadores correram riscos (riscos inerentes a este tipo de processo), desde o início, crescendo juntos no domínio e expansão do conhecimento, de modo que os recursos humanos envolvidos acabaram por ser absorvidos pelas empresas quase que naturalmente.

Tal situação mostra que a geração de inovações estimula a ciência, na medida em que as indústrias inovadoras demandam pesquisadores para realizá-las e as universidades os formam, através da participação na pesquisa científica.

Outro fato que nos parece relevante é que, neste ambiente, os resultados gerados têm foco e desdobramentos nas inovações em desenvolvimento nas indústrias, o que, geralmente, resulta em muito mais objetividade.

Nossa opinião é que, com relação às nanotecnologias, academia e setor produtivo precisam estreitar seu sinergismo e entrar, efetivamente, numa nova era de cooperação e parcerias realizáveis. A inovação neste processo é fundamental, sendo, assim, fundamental criar múltiplos ambientes, nos quais ela possa ser introjetada e ocorra com freqüência cada vez mais alta.

Em todos os países do mundo, desenvolvidos ou não, nos quais a nanotecnologia foi entendida como fator estratégico nacional, o papel do governo é e será fundamental. No caso brasileiro, estamos certos, não será diferente! Acreditamos ser essencial uma vontade - expressa cada vez com mais veemência pelo governo brasileiro -, de fazer com que a Nanotecnologia ocupe mais e mais o "status" que lhe foi atribuído no documento de Política Industrial.

Finalmente, gostaria de reafirmar minha satisfação de estar aqui num evento de Nanobusiness no Brasil. Quando trabalhamos, em 2001, na concepção e redação do PPA para a área de Nanotecnologia, chegarmos ao ponto em que estamos aqui era um grande sonho, um sonho de horizonte distante e, porque não dizer, um tanto incerto. Começarmos aqui a vivenciar esta nova realidade, certamente gera em todos nós o sentimento - a certeza até -, de que poderemos alçar vôos mais altos, alcançando patamares cada vez mais elevados.


A todos os presentes, um excelente Congresso.

Muito obrigado!


Nota do Managing Editor: a solenidade foi realizada na abertura do Nanotech Business 2007 - 1o Congresso Brasileiro de Nanobusiness, em 12 de novembro de 2007, nas dependências do Hotel Gran Meliá Mofarrej, em São Paulo.

Participaram da Mesa - Ronaldo Marchese, John Edwin Mein (Diretores da RJR Eventos), Humberto Barbato (Presidente da ABINEE), Merheg Cachum (Presidente da ABIPLAST), Ricardo Max Jacob (Presidente da Plásticos Müeller), Jorge Humberto Nicola (Diretor de Tecnologia e Inovação do INMETRO), Antonio Ribeiro Fernandes (Coordenador de Micro e Nanotecnologias do MCT); Sérgio Queiroz (Coordenador de Promoção de Investimentos e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo) e Oswaldo Luiz Alves (Coordenador do Lab. de Quim. do Estado Sólido, IQ-UNICAMP). Na oportunidade fizeram uso da palavra o Presidente da ABINNE, representando o setor produtivo, o Coordenador de Investimentos do Estado de São Paulo e o Representante do MCT, representando as esferas governamentais, e o Coordenador Científico do LQES, representando a academia.


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