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Técnica identifica microcistinas em represas. As cianobactérias, algas existentes em represas, podem produzir substâncias perigosas à saúde humana, conhecidas como microcistinas. Utilizando marcadores moleculares, a equipe da Professora Maria do Carmo Bittencourt Oliveira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), detectou cianobactérias produtoras de microcistinas em apenas três horas. "Os testes tradicionais levam até três dias para fazer a identificação, a um custo três vezes maior", diz a professora. O novo teste pode ser feito diretamente em amostra ambiental com cianobactérias coletadas das represas. "O método do marcador molecular para microcistina se baseia na Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), e identifica genes presentes na síntese das microcistinas", explica.
Cianobactérias produtoras de toxinas, vistas em microscópio óptico. A eficiência do método foi comprovada em análises químicas realizadas pela equipe do Professor Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. "As outras técnicas, como a injeção de cianobactérias em camundongos para verificar sintomas de contaminação, o teste ELISA e a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) fornecem resultados entre um e três dias", diz Maria do Carmo. "A PCR é um teste preditivo, que antecipa se a floração das algas irá produzir toxinas, facilitando o trabalho preventivo das empresas de tratamento de água." Ação ministerial A partir de 2005, o Ministério da Saúde obrigará as empresas de abastecimento de água a realizar o monitoramento de cianobactérias nos reservatórios. "A poluição nas represas gera nutrientes que, com as altas temperaturas, fazem as algas aflorarem mais rapidamente", relata a pesquisadora. "Quando a concentração de cianobactérias for maior que 20 mil células por mililitro de água, as empresas serão obrigadas a identificar, por meio de testes, a existência das microcistinas, que são liberadas após a morte celular." Entre as toxinas produzidas pelas algas estão as hepatoxinas, que provocam tumores no fígado, e as neurotoxinas, que agem no sistema nervoso. "A contaminação da água por microcistinas foi responsável pela morte de 77 pessoas na clínica de hemodiálise em Caruaru (PE), desde 1996", aponta a professora. "Como estes foram os primeiros casos fatais registrados em seres humanos no mundo, a contaminação ficou conhecida como Síndrome de Caruaru." Custos Cada análise de água por marcador molecular pode ser feita ao preço de US$ 1,65, observa a professora, enquanto o bioensaio em camundongos pode custar entre US$ 17 e US$ 134 e as análises com CLAE e ELISA podem atingir de US$ 44 a 60 e US$ 12 a 134 cada, respectivamente. Maria do Carmo estima que toda a implantação do método em laboratórios custa US$ 6 mil. "A técnica da PCR é muito comum em laboratórios de biologia molecular, e exige um termociclador, aparelho que, se importado, custa US$ 2,5 mil", aponta. "A importação dos equipamentos de cromatografia pode custar mais de US$ 25 mil e o leitor de placas para o teste ELISA está avaliado em US$ 15 mil". A patente do marcador já foi requerida, e serão necessárias parcerias com empresas para transferir a tecnologia e permitir a venda de kits com o reagente para realização de testes. Agência USP, consultada em 05 de outubro 2004. |
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