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TWAS : Declaração de Alexandria.


"Próximos passos para vencer os desafios colocados à Ciência para que contribua de forma decisiva a um avanço sócio-econômico sustentável do mundo em desenvolvimento".


Aprovada ao final da 16ª Reunião Geral da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS), Alexandria, Egito, 29 de novembro a 3 de dezembro de 2005

Biblioteca de Alexandria

Alexandria, Egito

3 de dezembro de 2005


A Biblioteca de Alexandria (a nova Biblioteca de Alexandria), símbolo pujante do conhecimento no mundo em desenvolvimento, abrigou de forma majestosa a 16ª Reunião Geral da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS), realizada no período de 29 de novembro a 3 de dezembro do ano de 2005. Construída perto do local onde se situava a antiga Biblioteca de Alexandria, a nova Biblioteca de Alexandria representa não somente as gloriosas contribuições dos países em desenvolvimento para o mundo do conhecimento e da ciência, como também afirma sua renovada confiança no futuro da humanidade.

À luz das discussões realizadas ao longo dos últimos cinco dias, os participantes da 16ª Reunião Geral da TWAS acordaram as ações concretas que se seguem. É nossa expectativa que as ações propostas sejam implementadas no espírito dos ricos debates travados nos últimos dias, somando, de forma modesta, mas significativa, para o progresso que hoje se constata no retomar de um lugar relevante, para os países em desenvolvimento, no mundo do conhecimento e da ciência.

As futuras reuniões da TWAS devem incluir sessões constituídas para e por jovens cientistas (com menos de 40 anos), que serão selecionados tomando-se por referência seus méritos acadêmicos. Como um primeiro passo nesse sentido, na 17ª Reunião Geral da TWAS, a ser realizada no Brasil em setembro de 2006, serão organizadas sessões com jovens cientistas, que serão convidados pelo Escritório Regional da TWAS para a América Latina e o Caribe, mediante consulta ao Secretariado da TWAS em Trieste.

A TWAS deve ampliar de forma significativa os seus esforços visando colaborar no processo de melhoria da capacidade dos países cientificamente carentes. Isso será concretizado através de um projeto de alguns milhões de dólares - a serem levantados junto a doadores externos - desenhado para promover o treinamento e a construção da capacidade necessária aos cientistas destes países, para que estes possam dispor do suporte que necessitam e merecem.

A Academia desenvolverá estratégias conjuntas com governos nacionais e organizações internacionais visando a promoção de projetos científicos de grande escala que envolvam a colaboração de cientistas dos países em desenvolvimento. A decisão do governo da Índia de lançar um pequeno satélite em 2006 (TWASAT), que permitirá aos cientistas dos países em desenvolvimento coletar uma quantidade enorme de dados sobre as condições dos recursos naturais de seus respectivos países e regiões, oferece uma excelente oportunidade para a TWAS avaliar esta como uma experiência piloto para o desenvolvimento de futuras iniciativas de pesquisa e capacitação envolvendo os países do Sul. A TWAS não pode desperdiçar a oportunidade de demonstrar como projetos de grande escala podem contribuir para a construção de capacidade científica no mundo em desenvolvimento e para a promoção da cooperação Sul-Sul.

A TWAS deve traduzir seu apoio à participação da mulher na ciência em um plano de ação concreto. Na busca por isso, e em estreita colaboração com a Organização do Mundo em Desenvolvimento pela Participação da Mulher na Ciência (TWOWS), a Academia indicará uma força-tarefa que desenvolverá estratégias que apontem para a ampliação da participação da mulher na comunidade científica internacional, especialmente nos altos postos administrativos e de direção. Esta força-tarefa deverá se reunir até o prazo limite de fevereiro de 2006 e apresentar os resultados de seu trabalho na próxima Reunião Geral da TWAS, que será realizada no Brasil em setembro de 2006.

A TWAS também deve buscar fortalecer seus laços com a comunidade científica da área de ciências sociais. Para tal, deverá estabelecer uma força-tarefa que deverá apresentar uma estratégia para a construção desta aproximação. Esta força-tarefa deverá se reunir até o prazo limite de fevereiro de 2006 e apresentar os resultados de seu trabalho na próxima Reunião Geral da TWAS, que será realizada no Brasil em setembro de 2006.

Que a TWAS, em parceria com a nova Biblioteca de Alexandria, prepare um relatório substantivo sobre a relação entre as novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) e um avanço sócio-econômico sustentável do mundo em desenvolvimento. A recente Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação deu bastante ênfase a como promover o acesso às TIC por parte dos países em desenvolvimento, especialmente no caso dos países defasados cientificamente. A TWAS e a nova Biblioteca de Alexandria podem ocupar um importante espaço no debate sobre as TIC, ao estabelecerem uma estratégia que permita o uso efetivo destas tecnologias na promoção do desenvolvimento sustentável. Um grupo de trabalho deve ser estabelecido para preparar um relatório que será editado na forma de um Relatório TWAS - Biblioteca de Alexandria, até o prazo limite de dezembro de 2006.

Será indicado um Comitê para elaborar um plano de Escolas/Workshops em Biotecnologia, a serem promovidos pelos países relativamente mais avançados, sob a égide da TWAS, para o estabelecimento e consolidação desta área no mundo em desenvolvimento.

A 16ª Reunião Geral da TWAS, sediada pela nova Biblioteca de Alexandria, evidenciou os enormes passos que já foram dados para a integração da ciência às estratégias de desenvolvimento econômico no mundo em desenvolvimento, bem como o impacto desta integração no progresso econômico já alcançado. A reunião também evidenciou as enormes lacunas que persistem nos campos social e econômico ao contrastarmos as realidades dos países do Norte e do Sul. Estas assimetrias também se verificam dentre os próprios países do Sul, como também entre os homens e as mulheres no mundo em desenvolvimento. Os passos acima delineados foram desenhados para colaborar com a superação destas lacunas, inserindo-se numa estratégia maior de contribuição para o enfrentamento dos crescentes desafios de construção de uma alternativa de desenvolvimento que seja sustentável e referenciada no conhecimento científico existente.

Por fim, manifestamos nosso profundo agradecimento a Ismail Serageldin, diretor na nova Biblioteca de Alexandria, e a toda a sua equipe, pela grande generosidade e pela calorosa acolhida com que nos receberam durante a 16ª Reunião Geral da TWAS.


Academia Brasileira de Ciências (http://www.abc.org.br), Boletim do
Acadêmico, 13 de dezembro de 2005.

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