Laboratório de Química do Estado Sólido
 LQES NEWS  portfólio  em pauta | pontos de vista | vivência lqes | lqes cultural | lqes responde 
 o laboratório | projetos e pesquisa | bibliotecas lqes | publicações e teses | serviços técno-científicos | alunos e alumni 

LQES
pontos de vista
artigos de revisão

artigos de opinião

editoriais

entrevistas

divulgação geral

divulgação LQES

 
DIVULGAÇÃO

Nanotecnologia "pega carona" nas habilidades dos gecos.


Na Universidade Carnegie Mellon (EUA), uma equipe construiu um robô capaz de se deslocar sobre paredes e tetos. Ao mesmo tempo, um especialista italiano em nanotubos de carbono afirma estar apto a criar uma verdadeira "combinação de Spiderman". Qual o ponto em comum entre essas duas novidades? Um animal, o geco (do inglês, gecko), e uma ciência com desenvolvimento promissor, a biomimética.

O geco é um pequeno lagarto, comum no mundo inteiro, conhecido por sua capacidade de se deslocar rapidamente sobre paredes verticais. Até 2002, era ignorado como esse pequeno milagre podia se produzir. Descobriu-se, depois, a razão: as patas do geco são recobertas por milhões de pelos microscópicos. Verdadeiros exemplos de nanotecnologia "natural", esses pelos são, de fato, tão finos, que estão aptos a reagir às "ligações de Van der Walls": trata-se de uma força que atrai os átomos ou as moléculas entre si. Bastante fraca, mas poderosa quando multiplicada milhares e milhares de vezes, ela tem condições de assegurar a adesão do geco aos muros.

A idéia de criar robôs inspirados no geco não é nova, como foi mostrado para o "StickyBot", inventado por SangBae Kim, da Universidade de Stanford (EUA).

Mas, em Carnegie Mellon, conta-se com empregar a nanotecnologia para imitar o geco com mais precisão ainda. O robô que se pode ver (abaixo) parece se mover muito rápido e não utiliza senão fibras elastoméricas disponíveis no comércio. A equipe de Mettin Siti, do Laboratório de Nanorobótica dessa universidade, acredita poder ir além, fabricando fibras de quatro micrômetros de diâmetro: até duas vezes mais finas que as existentes atualmente.





Geckobot: robô motorizado, inspirado nos gecos.

Créditos: NanoRobotics Laboratory (Carnegie Mellon)



Teoricamente, isso deverá permitir que o robô "escale" até mesmo superfícies rugosas. Resta, contudo, testar a eficácia desse material, que acaba de ser instalado no robô. Entretanto, há ainda bastante trabalho para que a perfeição do mundo animal seja atingida. O geco, sublinha André Geim, da Universidade de Manchester, é capaz de caminhar sobre um solo empoeirado, e, depois, escalar uma longa parede. Algo que uma máquina, até o presente, não é capaz de fazer. "O mundo é sujo", observa Mark Cutkoski, de Stanford, "e não se pode pedir ao robô que lave os pés, cada vez que caminha alguns metros".





Stickybot: robô quadrúpede, capaz de escalar superfícies lisas como vidro, acrílico e paredes, usando adesivo direcional.

Créditos: Sangbae Kim



O projeto de Nicola Pugno, pesquisador italiano da Universidade Politécnica de Turin (Itália), é, no momento, bem mais teórico que o trabalho de Mettin Siti, da Carnegie Mellon, mas ele também se inspira nas faculdades extraordinárias do lagarto. Ele objetiva utilizar nanotubos de carbono para criar botas e roupas, que, a exemplo do traje do Spiderman, adiram às paredes. Será até mesmo possível criar longas cordas adesivas, com o mesmo material, para pular de imóvel em imóvel.

Esses trabalhos sobre o geco são sintomáticos de uma nova atitude que consiste em procurar na natureza soluções tecnológicas, a miúdo, bastante sofisticadas, que os humanos talvez levariam centenas de anos para descobrir por si.

O exemplo mais célebre de sucesso "biomimético" é o Velcro, inventado em 1941 pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, após ter observado o modo como as flores de cardo permaneciam agarradas ao pelo de seu gato. Num artigo recente, o Financial Times nos apresentou uma outra aplicação da biomimética: as asas iridescentes da borboleta Blue Morpho (morpho menelaus), encontrada nas florestas da América do Sul, ajudaram a aperfeiçoar a tecnologia RFID. Efetivamente, o inconveniente dessas etiquetas é sua dificuldade de funcionar, quando próximas de metais ou de líquidos. Observando a estrutura das asas da Blue Morpho, capazes de reagir à luz produzindo cores bastante brilhantes, os pesquisadores da empresa QuinetiQ puderam criar a tecnologia Omni-D, susceptível de concentrar as ondas de rádio e de contornar esse obstáculo considerável.

Internet Actu (Tradução - MIA).


Nota do Managing Editor: este texto, de autoria de Rémi Sussan, foi disponibilizado no site da Internet Actu (www.internetactu.net), em 14 de maio de 2007.


Assuntos conexos:

A Nanotecnologia imita a natureza: gecos (parentes das lagartixas) inspiram a concepção de superadesivos.


 © 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco