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As abelhas batem asas. As reações a este assunto que, manifestamente, apaixona, bem como novas informações, nos levaram a ir além, para melhor compreender este inquietante enigma. Entrevistamos Bernard Vaissière, do Inra (Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, França), que ajustou um pouco os ponteiros, sem, contudo, minimizar a gravidade do problema. Há apenas um ano, o fenômeno teve início em uma única criação na Flórida. Depois a epidemia se alastrou de colméia em colméia, até se estender ao conjunto dos estados americanos e do Canadá, antes de atingir a Europa, e chegar a Taiwan em abril de 2007. O aspecto dessa catástrofe ecológica é desestruturador. Nenhum cadáver de abelha é encontrado, e as colméias abandonadas estão vazias. Nem mesmo os parasitas habituais, prontos a reocupá-las, são encontrados. Tudo se passa como se os insetos tivessem deixado seu habitat, em massa, para um destino desconhecido, sem jamais voltar ao local. Na França, onde os apicultores apenas se refazem dos estragos causados pelo tristemente célebre "Gaucho", um pesticida outrora espargido nos campos de milho e de girassol, os desaparecimentos ganharam novamente força. Apis mellifera (abelha do mel), uma das principais abelhas domésticas. Créditos: John Severns
Ele cita, como exemplo, a prática mais e mais corrente que consiste em cobrir as sementes com inseticida de modo a evitar infestações de pragas. O produto é assim incorporado em toda a planta, desde as raízes até o pólen que as abelhas levam para a colméia e a envenenam, o que explica também a ausência de insetos "invasores" nas colméias abandonadas: eles não sobrevivem! A origem desses cogumelos parasitas não é um mistério, uma vez que eles mesmos são incorporados em certos pesticidas químicos para combater os acrídios, a pirale do milho e certas traças. Trata-se aqui de um verdadeiro efeito em cascata, agentes infecciosos destinados a combater certos tipos de parasitas, aproveitando a brecha aberta no sistema imunitário das abelhas mudam o alvo, com, conseqüentemente destruição de culturas que esse produto estava destinado a proteger. Mas, segundo Joe Cummins, esse efeito em cascata atuaria também entre esses cogumelos parasitas, propositalmente disseminados, e os biopesticidas "naturalmente" produzidos pelas plantas com pirale do milho, infectadas pelo fungo Nosema pyrausta. "As autoridades encarregadas da regulamentação trataram o declínio das abelhas com uma abordagem estreita, limitada, ignorando a prova segundo a qual os pesticidas agem em sinergia com outros elementos devastadores", acrescenta, concluindo. A importância das abelhas no ecossistema é tal que, há meio século, Albert Einstein tinha estimado que se esse inseto viesse a desaparecer do globo, em quatro anos a espécie humana desapareceria. A sirene do alarme poderia se transformar em toque de sinos. Futura Sciences, 09 septembre, 2007 (Tradução - MIA). |
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