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Lucros na educação.
Editorial publicado no Jornal Folha de São Paulo, 27 de Janeiro, 2003

Embora esteja dentro da lógica imposta pela política de ensino superior, não deixa de ser surpreendente o enorme crescimento das universidades privadas no Brasil. De acordo com o mais recente ranking do setor, elaborado com números do Ministério da Educação, de 2001, a maior instituição do país é a Unip (Universidade Paulista), com 81 mil alunos. Em segundo lugar vem a fluminense Universidade Estácio de Sá, que, com 60 mil estudantes, experimentou um crescimento de incríveis 76,6% de 2000 a 2001.

Para que se perceba a real dimensão das mudanças, convém comparar o ranking de 2001 com o de 1991. Naquela ocasião, Unip e Estácio de Sá nem sequer apareciam na lista das 20 maiores instituições, em que figuravam dez universidades públicas e dez privadas. Atualmente, das 20 maiores, 14 são particulares.

O déficit educacional do Brasil é grande no ciclo superior. Há espaço para instituições públicas e privadas. O que é preocupante é a suspeita - em muitos casos fundamentada - de que o crescimento das particulares esteja ocorrendo sem maiores preocupações com a qualidade do ensino ministrado. Um diploma ao qual não corresponda um bom curso não é muito mais do que um pedaço de cartolina. Em algumas carreiras, como medicina ou direito, pode até ser uma ameaça pública, pois são grandes os riscos que corre alguém que se consulte com um médico ou advogado incompetentes.

Uma das tarefas do novo governo no que diz respeito ao ensino superior será tentar trazer mais rigor ao sistema. Instituições que demonstrarem repetidas vezes mau desempenho precisarão ser fechadas. Não fazê-lo equivale a enganar os alunos, que pagam caro por um curso que pouco ensina, e pôr em perigo a população, que acabará arcando com o ônus de profissionais mal preparados atuando em diversos setores.

"Uma educação de qualidade não é necessariamente incompatível com o lucro, mas vai muito além dele".

Jornal "Folha de São Paulo", 27 de Janeiro, 2003. (Editorial)

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