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EDITORIAIS
Ciência e o Futuro da Indústria. As empresas privadas são as principais forças inovadoras de um país. Diante do Governo estão colocadas questões fundamentais para o futuro da sociedade. A política de desenvolvimento tecnológico é uma delas. O sucesso no desafio da inovação é essencial para que a indústria brasileira possa afirmar-se como um dos principais pólos manufatureiros da economia mundial. E, por conseguinte, gerar empregos e contribuir para uma melhor distribuição de renda. A geração de conhecimento deve ter um impacto efetivo na capacidade de inovação do país. A tendência mundial é aproximar, cada vez mais, a pesquisa e o desenvolvimento, para agregar valor aos produtos, ganhar competitividade e ampliar a presença nos mercados. Essa percepção é importante para balizar a política científica e tecnológica do governo. A busca da inovação é crucial para o desenvolvimento econômico e social, e a política de C&T deve visar a esse objetivo principal. Priorizar a pesquisa básica de forma dissociada da inovação seria um retrocesso. A verdadeira questão é que os resultados obtidos até agora ainda são insuficientes, e o desafio é superar os limites atuais. Há questões que ultrapassam os contornos da política de ciência e tecnologia, tais como condições macroeconômicas favoráveis ao crescimento e custo adequado do capital. Mas há uma agenda própria da política de inovação que tem que ser aprofundada. Diz respeito ao tratamento tributário, às condições de financiamento, ao uso do poder de compra do estado, à proteção à propriedade intelectual, à formação de redes e parcerias, ao aumento da interação das universidades com empresas e à estabilidade de regras. Não se trata apenas de aumentar expressivamente a produção de patentes, nem apenas de avançar nos segmentos mais dinâmicos do mercado mundial. A inovação não é uma questão restrita de setores tradicionais, como a produção de têxteis, para ficar apenas num exemplo. Novos conhecimentos são agregados aos produtos, por meio de novos materiais ou processos, com uma velocidade espantosa, e quem não acompanhar o ritmo arrisca-se a ser excluído do mercado. O país já deu mostras de sua capacidade de pesquisa de ponta: somos detentores da mais avançada tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas; estamos à frente no estudo genético de pragas, com vistas ao desenvolvimento da biotecnologia para a agricultura; somos líderes em tecnologia para a agricultura tropical, sem mencionar o fato de que o Brasil é o único país do mundo a produzir combustível de fonte renovável a preços competitivos com os da gasolina. O futuro do Brasil dependerá de sua capacidade de gerar novas e mais freqüentes histórias de sucesso. O passo decisivo é dar respostas apropriadas às verdadeiras questões, que são conhecidas pelas experiências de sucesso de outros países, e se desviar de falsos dilemas. É preciso implantar uma política de desenvolvimento tecnológico que identifique a existência de um sistema nacional de inovação, mas que reconheça nas empresas privadas as principais forças inovadoras do país. Nota do Managing Editor: O editorial em questão, de autoria de Armando Monteiro Neto, presidente do sistema CNI - Confederação Nacional da Indústria, foi publicado na revista Indústria Brasileira, ano 3, número 28, de junho de 2003. Tendo como destaque de capa: Nanotecnologia - A Nova Fronteira da Ciência, dentre os temas abordados neste número estão: "Por que a indústria não pode ficar de fora dessa corrida"; "O que o Brasil já produz em pesquisa básica e aplicada" e "A necessidade de uma política de incentivo ao investimento". |
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