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ARTIGOS DE OPINIÃO

Capital nacional perde corrida tecnológica.

A parcela de empresas nacionais de capital estrangeiro que investem em inovação tecnológica é o dobro da de companhias de capital brasileiro.

Estudo divulgado pela Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Empresas Inovadoras) revela também que há diferentes destinos para as aplicações.

Enquanto as primeiras procuram colocar novos produtos no mercado, as outras se preocupam mais com a linha de produção para não ficar para trás.

No geral, 31,5% das empresas nacionais investem em novas tecnologias. O índice se aproxima de países como Espanha (37% das companhias) e Itália (38%), mas se distancia de países como Portugal (42%) e Alemanha (60%).

O que o índice não traz, no entanto, é a desigualdade existente nos investimentos feitos entre as empresas de capital brasileiro e as de capital estrangeiro.

Das que possuem participação nacional, 30,6% delas desembolsam recursos para inovação tecnológica.

Entre as que têm acionistas vindos de fora, 61,8% fazem pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos de produção.

Embora em menor número, representando 3% do total de indústrias do país, as companhias de capital estrangeiro são responsáveis por 38% da receita líquida das vendas do setor.

A pesquisa "Como Alavancar a Inovação Tecnológica nas Empresas" é baseada nos números da Pintec (Pesquisa Nacional de Inovação Tecnológica), do IBGE, que verificou os investimentos das empresas de 1998 a 2000 em um universo de 72 mil indústrias com sede no Brasil.

Além disso, o estudo recolheu depoimentos de empresários entre agosto de 2003 e maio do ano passado.

"No caso das empresas de capital nacional, as que mais investem em inovação são em geral as exportadoras ou as que enfrentam no mercado brasileiro a concorrência de grandes empresas internacionais com atividade produtiva no Brasil", afirma o estudo.

A conseqüência é que a taxa das brasileiras que investem em novos produtos é um terço da de suas concorrentes, respectivamente, 16,5% e 50,2%.

O retrato é que elas estão interessadas em ganhar vantagem no barateamento do produto final e não em conquistar o mercado com novos produtos.

Quanto ao índice para o desenvolvimento de inovação de processos, ele está em 24,5%. Entre empresas estrangeiras, o índice é de 47,3%.


Pequenas e grandes

As taxas de indústrias que investem em tecnologia se aproximam conforme o tamanho das empresas.

Das companhias de capital nacional com mais de 500 funcionários (grande indústria), por exemplo, 71,8% fazem aplicações em inovação ante 87% das nacionais. Mas a comparação pára por aí.

As grandes companhias brasileiras investem em média R$ 2,7 milhões por unidade. O gasto das estrangeiras é de R$ 5,6 milhões.

"Há um número expressivo e preocupante de empresas, sobretudo as de menor porte, que não participam dos processos nem de inovação nem de difusão tecnológica. Essas empresas encontram-se defasadas. Em decorrência, surgem graves problemas de estruturação das cadeias produtivas", afirma o estudo.

O estudo relata ainda a falta de uma cultura por parte do governo e dos empresários no desenvolvimento de novas tecnologias. Não há um cenário político favorável para aplicações de longo prazo:

"A economia e as políticas de natureza macroeconômica desencorajaram projetos de pesquisa de maior ambição", avalia a Anpei.


Segundo a associação, o caminho para melhorar o desempenho das indústrias nacionais é baixar o custo dos investimentos, criar políticas públicas de desenvolvimento tecnológico estratégico, ampliar os recursos de entidades de fomento à pesquisa e aumentar o debate de empresas e de centros de pesquisa sobre a inovação tecnológica.

Nota do Managing Editor: Esta matéria, de autoria de Luís Renato Strauss, foi veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, em 3 de janeiro de 2005, Dinheiro, p. B6.


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