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NOVIDADES
Nanotecnologia molecular provoca euforia na Química
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O professor Oswaldo Luiz Alves, do Instituto de Química da Unicamp, apresentou na quinta-feira, 29/11, no Auditório da Biblioteca Central da Unicamp, seminário intitulado Supramoléculas e Nanotecnologia Molecular: a emergência da complexidade. No Seminário foram abordados os principais aspectos de uma tecnologia que poderá vir a permitir, com enorme precisão, a manipulação da matéria, e que vem causando forte impacto na Química.
A nanotecnologia molecular é o nome dado a um novo tipo de tecnologia de fabricação, por meio da qual é possível "confeccionar" pequeninos dispositivos, pelo rearranjamento da matéria, com precisão atômica - podendo-se mesmo chegar a construí-los átomo por átomo.
Apesar de já se conseguir a manipulação e a observação de átomos diretamente, ainda não é possível construir dispositivos funcionais com esse método. Segundo especialistas, quando tal tecnologia vier à tona, deverá criar um sistema de fabricação bastante minucioso e barato, com o qual deverá ser possível controlar de modo extremamente fino a estrutura dos materiais.
Oswaldo, que também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências, afirmou que os conceitos de supramolécula e nanotecnologia vêm causando verdadeiras mudanças de paradigma na Química - surgindo, nesse contexto, uma nova área chamada "química supramolecular". O termo foi cunhado em oposição à química molecular: uma reação química tradicional consiste num rearranjo de átomos dentro de moléculas, e as forças envolvidas são as forças intramoleculares (por exemplo, as forças que ligam os átomos entre si para formar as moléculas). A química supramolecular lida com rearranjos das próprias moléculas dentro de um material, e as forças envolvidas são as forças intermoleculares (por exemplo, as forças que ligam as moléculas entre si para formar materiais).
Um exemplo na nanotecnologia é a descoberta dos nanotubos de carbono. São tubos minúsculos formados apenas por átomos de carbono. Apesar de poderem ter comprimento de até alguns milímetros, são extremamente compridos em comparação com seu minúsculo diâmetro, de apenas alguns nanômetros, ou milionésimos de milímetro (daí o seu nome). Muitas aplicações dos nanotubos, principalmente em eletrônica e micromecânica, vêm sendo testadas. Ele citou como exemplo um sistema químico integrado (nanocompósito vidro poroso Vycor + polímero condutor) para medidas de pH (acidez) de gotas de soluções (de interesse do Laboratório de Luz Síncrotron), que exibe grande precisão.
"Os desafios são muitos para engenheiros, físicos, químicos", afirmou Oswaldo Luiz Alves. Ele recomendou, aos leitores que quiserem se aprofundar no tema, a leitura do livro Unbounding the Future: The Nanotechnology Production, de Eric Drexler, que possui uma versão online gratuita.
ComCiência, Notícias, 30 de novembro, 2001.
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