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Nanopartículas liberadas na combustão do diesel ameaçam a saúde.

Os problemas com a qualidade do ar nas grandes cidades há muito vêm alarmando todos aqueles diretamente afetados pelos danos causados pela poluição. Medidas emergenciais, na tentativa de resolver os problemas gerados, são tomadas pelas prefeituras. Buscando reduzir o grande número de veículos em circulação diariamente, são propostos, entre outros, rodízio de carros, que saem às ruas norteados pelo final de suas placas.

Dispostos a refletir sobre os problemas e discuti-los em busca de soluções, mais de 300 pesquisadores de todo o mundo reuniram-se na Escola Politécnica Federal de Zurique (EPFZ), na Suíça, durante a semana de 20 de agosto, tendo em pauta a questão das partículas ultrafinas liberadas na combustão de hidrocarbonetos, em particular o diesel.

Cientes de que as nanopartículas de fuligem, resultantes da combustão de carburantes, se constituem numa verdadeira ameaça à saúde, em face do perigo, os pesquisadores foram unânimes em dizer da necessidade do desenvolvimento de pesquisas e de medidas reguladoras urgentes, indispensáveis diante do perigo.

Pesquisador do Instituto de Anatomia da Universidade de Berna (Suíça), Peter Gëhr pôde constatar que as nanopartículas, após terem penetrado pelos pulmões, podem se inserir nas células do corpo humano, e se deslocarem através da circulação sanguínea. O que, contudo, constitui um mistério, é como conseguem interagir com as células. Uma vez detectada a presença de uma partícula estranha em uma célula, diz ele, é grande a possibilidade de que ela seja perigosa.


Doenças diversas

A presença de tais partículas - são unânimes os pesquisadores -, pode estar na origem de problemas respiratórios e de certos tipos de câncer. Pode, do mesmo modo, afetar o coração ou o sistema nervoso central.

O toxicólogo Günter Oberdörster, da Universidade de Rochester (EUA), diz que o risco pode variar de pessoa para pessoa. Segundo ele, "as pessoas que podem ser afetadas são aquelas que têm uma predisposição aos problemas respiratórios ou cardiovasculares". Em particular, idosos e crianças.

Acredita o pesquisador que, mesmo cientes de que o combate a esse tipo de poluição não seja nada fácil, é preciso agir: "O nível de nossos conhecimentos ainda não permite que fixemos o limite que não deve ser excedido", diz ele, acrescentando que "Uma das dificuldades do problema reside na multiplicidade das variáveis que devem ser consideradas"; por exemplo, o fato de sabermos se seremos expostos igualmente a nanopartículas perigosas saídas de motores de aviões.

Ainda dentro desse escopo, um relatório britânico recente sublinhou os interesses potenciais da nanotecnologia, considerando que novos riscos podem estar ligados a materiais criados a partir de nanopartículas "manipuladas". A fim de que sejam asseguradas medidas de segurança, propõe o relatório que as nanopartículas sejam consideradas como novos produtos químicos.


Medidas a tomar

Algumas soluções para o problema foram propostas. Entre elas, parece ser a melhor a que sugere que filmes antipartículas sejam acoplados ao escapamento dos veículos. Mesmo que eliminem mais de 90% das partículas de saída, tais filmes ainda estão longe de serem usados...

Konstantinos Boulouchos, da EPFZ, enfatiza ser preciso encontrar idéias para incitar a indústria a se adaptar. "É preciso que nos rendamos à coisa tecnicamente exeqüível e que sejam criadas iniciativas financeiras a fim de se encorajar às pessoas a comprar veículos com motores equipados com filtros". Com um custo médio por volta de 1000 francos suíços (cerca de 2.300,00 reais), essas "armadilhas de partículas" para os motores a diesel seriam, em matéria de saúde pública, inegavelmente um ótimo investimento.

Segundo um estudo, apenas na Suíça poderiam ser evitadas 3.000 mortes se tais filtros fossem instalados em todas as fontes de emissões. Um outro estudo revela que, no caso da Alemanha, o número subiria para 19. 000. E no Brasil? Poderíamos perguntar.

Enquanto a tecnologia já está pronta para os motores de automóveis, informa Boulouchos, o mesmo não acontece para o caso de motores pesados, utilizados na indústria e na agricultura, que têm tempo de vida mais longo. Problemas que, com o tempo, acabarão sendo resolvidos. Diz ele que acredita serem necessários de 15 a 20 anos para que o objetivo seja atingido: desaparecimento das emissões desse tipo.


Mais pesquisa

Politicamente corretas, ou com medo de acabar perdendo mercado, algumas fábricas de automóvel já começam a equipar seus veículos com filtros. A partir de 2008, fabricantes alemães garantem que terão seus veículos equipados. Esperam os pesquisadores que os governos estejam realmente sensibilizados com a questão e elaborem leis que sejam obedecidas, para o bem geral. A pesquisa, segundo eles, "deverá se juntar imediatamente a este esforço, e as autoridades deverão se engajar, tomando decisões". Diz Peter Gëhr: "É preciso sustentar a obrigatoriedade dos filtros antipartículas para os motores diesel, já"!

Para o biólogo, tal decisão deve ser tomada o mais rápido possível, antes que as partículas acabem por vir a se tornar um verdadeiro problema de saúde pública. "Se estamos insistindo neste problema e solicitando financiamentos importantes é porque sabemos que iremos nos ocupar, no futuro, com um número muito grande de nanopartículas", pondera o pesquisador.

Swissinfo, 20 August, 2004. (Tradução/Texto - MIA)


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