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Um novo "petróleo" no front ?

Uma missão francesa, a ZoNéCo, partiu para os mares da Nova Caledônia com dois navios. Motivo? Os pesquisadores buscam detectar fontes de hidratos de gás nas profundezas do mar de Coral, no sudoeste do Pacífico.

Trata-se de um composto surpreendente, à base de água e de metano, que chamou a atenção dos pesquisadores desde que importantes jazidas foram descobertas no mundo. O objetivo da ZoNéCo é verificar a existência de um sinal sísmico, geralmente associado à presença desse gás.

Os hidratos de gás são conhecidos dos químicos desde o século XIX. Têm a aparência de um gelo branco, mesclado de laranja, vermelho, azul e cinza. São feitos de clatratos – moléculas de água organizadas na forma de gaiolas, contendo metano no interior das mesmas.

Bastante abundantes na Terra, os clatratos se formam naturalmente no subsolo: além de 1000 metros de um solo perpetuamente gelado das regiões nórdicas ou a mais de 500 metros abaixo do soalho dos oceanos profundos.

Por que, afinal, os pesquisadores estariam interessados nesse sólido estranho? Simples: ele estoca enormes quantidades de metano. Fundindo-se 1 centímetro cúbico de hidrato de gás ele libera até 164 centímetros de gás!

A existência dessa "gaiola" contendo metano em estado natural foi, por muito tempo, ignorada pelos geólogos. Observada primeiramente em manipulações em laboratório, foi mais tarde considerada como uma problema industrial. Em determinadas condições, essa substância química de fato obstrui os dutos de gás natural.

Contudo, em 1964, uma descoberta verdadeiramente agitou os conhecimentos nesse domínio. Na Sibéria, engenheiros soviéticos trabalhando em um campo estatal, detectaram no fundo de um poço uma amostra surpreendente: o primeiro bloco de hidratos de gás! Após, os cientistas compreenderam que esse composto está aprisionado em grandes camadas de sedimentos, algumas com centenas de metros. Formava-se a partir do metano, oriundo da decomposição de matérias orgânicas.

A baixas temperaturas, e sob forte pressão, essa substância se associaria com a água para formar um complexo sólido. Finalmente, graças às técnicas sísmicas e ao uso de brocas, os pesquisadores marcaram na região a posição exata: Golfo do México, na Cascadia, ao longo dos Estados Unidos, ou ainda na fossa de Nankai, sudeste do Japão... - onde esse recurso abunda. A quantidade mostrou-se fabulosa: há alguns anos, o Serviço Geológico Americano (USGS) estimava em 20 milhões de bilhões de metros cúbicos a quantidade de metano presente no solo sob forma de hidratos. Duas vezes o volume equivalente às reservas de carvão, de petróleo e de gás reunidas! Poder-se-ia aproveitar desse extraordinário maná?

"Apenas 1% desses recursos seria suficiente para prover o planeta de energia limpa e pouco geradora de gás com efeito estufa. Todavia, somente as mais ricas jazidas de hidratos seriam exploráveis", explica Jean-Paul Foucher, pesquisador da Ifremer, em Brest (França). "Porém, hoje, é impossível conhecer seu teor preciso, sem que se proceda a prospecções caríssimas."

Lançado em 2001, o projeto europeu Hydratech, do qual participa, pela França, a Ifremer, visa a desenvolver métodos para quantificar o subsolo. Este ano, o projeto chegou a desenvolver uma técnica fundada na análise de ondas acústicas geradas por "estações de escuta sísmica", dispostas no fundo do mar. Entretanto, resta avaliar a performance dessa ferramenta, comparando-a àquela de prospecções. A exploração apresenta-se como uma segunda dificuldade. A priori, nada indica que os engenheiros sejam capazes de tirar gás de um campo de hidratos. Teve início em 2002 um programa internacional batizado como "Mallik" que, associando cinco países, deverá fornecer a prova. Realizado no delta do rio Mackenzie, nos confins dos territórios do nordeste canadense, permitiu que se testasse, em poços, durante dois anos, os procedimentos que permitem recolher o metano gasoso, por aquecimento e redução de pressão. Tratou-se de uma aposta vitoriosa: em dezembro de 2003, os pesquisadores anunciaram ter produzido - por cinco dias consecutivos -, o precioso fluido.

Le Express, França (www.lexpress.fr/info), consultado em 12 de outubro de 2004. (Tradução - MIA)


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