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NOVIDADES
Ficção? Não! É isso mesmo: fitas de DNA são usadas em componentes eletrônicos minúsculos, em pesquisa realizada por cientistas irlandeses que "cultivam" condutores e contatos microscópicos, os quais poderão vir a encontrar aplicação nos computadores miniaturizados de nova geração. Trata-se de um processo delicadíssimo, no qual entram fitas de DNA, constituinte por excelência da vida na terra. Os pesquisadores são liderados pelo Professor Fitzmaurice, diretor do grupo "Nanoquímica", da University College Dublin - UCD (Irlanda), e objetivam produzir, em escala nanométrica, e de modo previsível, componentes essenciais do computador: fios, interruptores, transistores, etc. Dado que poderia ser considerado insólito, caso não se estivesse em terreno nanotecnológico: esses componentes eletrônicos minúsculos não podem ser fabricados, são "cultivados" em solução. Os componentes em questão são produzidos por Fitzmaurice e equipe sobre um gabarito padrão de chip de silício. Conforme o pesquisador, o grupo obtém rendimentos ao redor de 60% a 70%, o que mostra, segundo ele, ser "possível construir nanoestruturas com uma grande precisão, o que é importante para a concepção de circuitos de computadores usando processos biológicos". Poder-se-á pensar que para chegar a esse ponto os pesquisadores lançaram mão de instrumental altamente sofisticado. Nada disso, informa o líder. Não obstante à precisão, a nanoestrutura é obtida "simplesmente" mergulhando-se, em uma série de soluções, um filamento de DNA preso a um chip de silício. "E tudo isso foi feito com uma "química de béqueres"", diz Fitzmaurice. A nanoestrutura é elaborada com compostos bioquímicos. A fabricação começa a partir de um filamento de DNA. Os seqüenciadores de DNA agora são comuns nos laboratórios modernos, sendo possível produzir uma seqüência dada para constituir o gabarito. Fitzmaurice precisa: "utilizamos um filamento de DNA de 90 nanômetros de comprimento, comportando em seu meio uma molécula, a biotina". A biotina é um tipo de vitamina que, por sua vez, se liga fortemente a uma proteína: a estreptavidina. A equipe da UCD desenvolve minúsculas partículas de ouro que reconhecem o DNA e se alinham ao longo dessa molécula. Quando o silício portando o filamento de DNA é mergulhado na primeira solução contendo partículas de ouro, estas formam uma cadeia de 90 nm de comprimento e 10 nm de largura. A cadeia de partículas de ouro é em seguida colocada na presença da estreptavidina. Ela se liga tão fortemente à biotina, que empurra partículas de ouro para fora da cadeia, produzindo um sulco de 10 a 15 nm de largura. A etapa seguinte é uma espécie de eletrodeposição que introduz ouro ao longo da cadeia, religando as partículas individuais para formar dois fios sólidos, com um sulco no meio. O passo final consiste em mergulhar a estrutura em uma solução, de tal sorte que a biotina se liga fortemente a estreptavidina no sulco. A partícula de ouro é então disposta entre as duas extremidades do fio e o interruptor eletrônico é obtido. The Irish Times, October 21, 2004. (Tradução/Texto- MIA) Veja mais: Chips de DNA?! Quem foi que disse? - A Canon!
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