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Toxicidade do perclorato : uma verdadeira batalha de números.

Não é de hoje que autoridades sanitárias no mundo todo vêm alertando para a toxicidade do perclorato, cujo íon, ClO4-, freqüentemente associado sob a forma de sais de amônio, sódio, etc., quando em altas concentrações, inibe a fixação do iodo na tireóide.

O estabelecimento de uma norma nacional da quantidade de perclorato, aceitável na água potável, há anos está entre os principais objetivos da EPA - Environmental Protection Agency (EUA). Trata-se de uma tarefa bastante árdua, à qual o último relatório do NRC- National Research Council (EUA) poderá acrescentar maior complexidade ainda.

Nos Estados Unidos, a maioria das contaminações do meio ambiente observadas é oriunda do setor espacial. Para que se tenha uma idéia, o combustível de propulsão dos foguetes da NASA é composto de 80% de perclorato de amônio! Em 35 estados, nada menos que 11 milhões de pessoas têm acesso a uma água que apresenta concentração de perclorato superior a 4 ppb (4 partes por bilhão).

Ora, segundo uma metodologia clássica de avaliação, uma concentração de 1 ppb leva a absorção de uma dose de 30 nanogramas por quilograma, em condições de exposição "padrão" (particularmente por dia).

Em 2002, a EPA, em sua mais recente publicação, propunha uma tal taxa de referência quotidiana, mas o relatório do NRC, a pedido do governo e feito às expensas da EPA, dos Departamentos de Defesa e de Energia e da NASA, chegaram a números diferentes.

Segundo os 15 peritos, autores do estudo, a ingestão de perclorato até 700 nanogramas/kg - ou seja, 23 vezes mais que a dose de referência da EPA -, não teria impacto significativo sobre a saúde, mesmo em se tratando dos mais frágeis (bebês, mulheres grávidas...). Essas conclusões repousam principalmente sobre o estudo clínico chamado Greer, de 2002, tendo mostrado que a administração de 7 microgramas/kg, por dia, durante 14 dias, não acarretaria danos tireoidianos, aplicando um fator 10 por segurança.

Por outro lado, o grupo de cientistas questionou a hipótese, sustentada pela EPA, segundo a qual a exposição ao perclorato favoreceria o surgimento de tumores da tireóide. Todavia, certos grupos de ecologistas acreditam que pressões industriais e governamentais puderam influenciar as recomendações do NRC. Projetos de descontaminação, de vários bilhões de dólares, dependem, assim, do futuro do estabelecimento do padrão federal.

USA Today, January 12, 2005 (Tradução/Texto -MIA).


Veja mais:

Report Assesses Health Implications of Perchlorate Exposure

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