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Nanotecnologias : infinitamente pequenos que vêm se tornando mais e mais "grandes"

Em um novo Dicionário das Idéias, sem dúvida um Flaubert do Século XXI escreveria no verbete nanotecnologias: "inevitavelmente promissoras". Quando eufóricos em seus discursos, num afã de conseguir adeptos para suas proposições - muitas vezes tentando deixar transparecer um otimismo científico -, alguns ministros infalivelmente introduzem a questão das nanotecnologias; os investidores, a seu lado, as descrevem como sendo um novo eldorado.

Os pesquisadores do Centre National de la Recherche Scientifique - CNRS (França), reunidos em um colóquio em Paris, em 07 de março, por ocasião dos dez anos do LIMMS (Laboratory for Integrated Micro Mechatronic Systems), uma estrutura franco-japonesa instalada em Tóquio, destinada a fazer frutificar a troca entre os dois países -, tiveram, entretanto, que mostrar que essas tecnologias do infinitamente pequeno tinham já suas promessas. Para se convencer, basta caminhar nas escalas de tamanho entre os microssistemas - da ordem do mícron, valendo 1 milionésimo do metro -, já bem estabelecidos, e as nanotecnologias - da ordem do nanômetro, a bilionésima parte do metro -, ainda embrionárias. É preciso também saber saltar entre o curto prazo dos projetos já lançados e o longo das novas perspectivas abertas.

Numerosos objetos do quotidiano estão já equipados com microssistemas: amortecedores de choque nos airbags ou microespelhos dos projetores de vídeo. Mais distante de nós, a miniaturização pode revolucionar os satélites de observação: aqueles da nova série Plêiades pesarão, assim, 2 toneladas a menos que seus predecessores Spot. Mais tarde, nanosatélites, da ordem do centímetro cúbico, serão talvez espalhados às centenas no espaço. Os químicos, que há muito tempo fazem nanotecnologia sem usar essa denominação, trabalhando com as moléculas projetam hoje microlaboratórios que permitirão reduzir os riscos para o meio ambiente, economizar tempo e a quantidade de produto testado.

Mas é na área da saúde que as coisas avançam mais depressa. Os biochips de DNA estão em fase de industrialização. Um pesquisador da Universidade de Lille (França), Alain Renaudin, apresentou projeto de um microlaboratório, no qual a gota de líquido que deve reagir em diferentes testes é guiada por ínfimas ondas de superfície. Como um tsunami nanométrico.

Le Monde, 17, Mars, 2005 (Tradução/Texto - MIA).

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