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Folha do lótus : "inspiração" para a micro- e nanotecnologia.

Quem já não viu ou ouviu falar do lótus, planta sagrada do antigo Egito, que outrora desempenhou um papel considerável na ornamentação de monumentos desse país? Trata-se de uma planta aquática, de folhas largas flutuantes e de um verde brilhante e flores brancas (ou rosadas, dependendo da espécie).

Pois bem, essa planta - que deleita os olhos e faz parte do imaginário de muitos -, tem folhas com características hidrofóbicas que, agora, vêm servindo de inspiração para a criação de pinturas, telhados, vidros e mesmo têxteis autolimpantes (que se limpam automaticamente) que têm, recentemente, surgido no mercado.




Flor de Lótus.

Créditos: Steven Pinker's Photos.


Na superfície das folhas de lótus, altamente hidrofóbica, as gotas de água rolam como bolinhas. Assim, em virtude do que tem sido chamado de "efeito lótus", a superfície das folhas se limpa por si mesma, ou seja, automaticamente, porque as gotas, em sua passagem, carregam a sujeira e bactérias.

Uma equipe de pesquisadores do laboratório da General Motors, em Michigan (EUA), dedicou-se a um estudo meticuloso da folha de lótus, a fim de esclarecer o fenômeno. Concluiu que a folha de lótus deve suas propriedades hidrofóbicas a uma estrutura em dois níveis: rugosidades de tamanhos micrométricos e um tapete de pelos nanométricos, além de uma composição química da superfície que se aproxima muito da cera, conforme informou o Professor Hayden.

É claro que a natureza não dotou a folha de lótus com tais características meramente por acaso: cada estrutura desempenha seu papel no efeito hidrofóbico. Por exemplo, o ângulo de contato de uma gota de água sobre uma folha de lótus é 142o (uma superfície é considerada hidrofóbica quando esse ângulo ultrapassa 90o), o que significa que a superfície de contato é bastante pequena.




Micrografia mostrando a estrutura de uma folha de Lótus.

Créditos: The American Society of Mechanical Engineers.


A equipe observou que uma almofada de ar aprisionada sob a gota no interior das rugosidades auxilia ainda mais na minimização do contato. Quando o tapete de pelos é fundido por aquecimento a 150oC e que não resta senão as rugosidades micrométricas, esse ângulo não é mais que 126o quando a folha de lótus é livre de todas as rugosidades possui um ângulo de contato de 74o.

Valendo-se de técnicas de espectroscopia infravermelho e de análise termogravimétrica, a equipe certificou-se de que, abaixo de 200 graus Celsius, a composição química da superfície permanecia intacta.

Para a realização das experiências os cientistas utilizaram uma folha de lótus desidratada, cujas propriedades são bastante próximas da folha hidratada.

Nanotechnology, February 02, 2006 (Tradução/Texto - MIA).


Nota do Managing Editor: as ilustrações, aqui apresentadas, não fazem parte do texto original e foram obtidas em www.google.com.br.


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