A Unicamp lidera, pela primeira vez, o ranking de pedidos de patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Segundo o último levantamento feito pelo instituto, abrangendo o período de 1999 a 2003, a Unicamp tem 191 depósitos. Em seguida vem a Petrobrás, com 177 pedidos, e a Arno, com 148. Entre as universidades, a que mais se aproxima da Unicamp é a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em décimo lugar, com 66 pedidos. A Universidade de São Paulo (USP) tem 55 depósitos e ocupa a 12ª colocação. "É ótimo que a Unicamp deposite patentes, e que deposite mais. Porém, o que se observa nesse quadro é que os depósitos das empresas brasileiras não vêm crescendo como o desejado", afirma Jorge Ávila, vice-presidente do INPI.

Questionado se isso não seria resultado dos problemas de atraso nas avaliações dos pedidos por parte do instituto, ele diz não achar que essa seja uma explicação suficiente para o fato de uma universidade pública lidera o ranking; mas faz a ressalva de que os problemas podem desestimular os empresários. "O diagnóstico resultante desse levantamento diz que as empresas ainda usam pouco o sistema de propriedade industrial e é preciso um esforço grande para incentivar essa prática", completa. Eliane Bahruth, diretora de Inovação para o Desenvolvimento Econômico e Social da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), entende o primeiro lugar da Unicamp como resultado do fato de o modelo de desenvolvimento industrial no Brasil, historicamente, se deu por meio de substituição de importações. "Nossas empresas nunca foram instadas pelo modelo de política industrial a inovar. Conseqüentemente, a patente não era algo visado por elas", comenta. Por outro lado, diz, a academia, voltada à fronteira do conhecimento, tem como prática rotineira a invenção. Daí as universidades responderem mais rapidamente a fazer esse registro, a resguardar a propriedade do seu conhecimento, estimuladas ainda pelos novos instrumentos legais, como a Lei de Inovação, que incentivam a parceria universidade-empresa. "Patente ainda é um instrumento pouco conhecido do setor empresarial. Se houver maior capacitação do setor e maior divulgação dos instrumentos de proteção da propriedade intelectual certamente muitas empresas vão patentear", acredita.

Inovação UNICAMP (www.inovacao.unicamp.br), 03 de Abril de 2006.

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