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NOVIDADES
Surge uma esperança para acabar com grande parte das mortes provocadas pelas infecções hospitalares. Um novo antibiótico, produzido por um fungo, é capaz de combater bactérias resistentes a outras drogas conhecidas, pois age de forma diferente e parece não ser tóxico para as células de mamíferos. A descoberta, realizada por cientistas da indústria química e farmacêutica Merck e publicada nesta quinta-feira pela revista Nature, poderá ser uma alternativa para combater algumas das mais perigosas bactérias causadoras de infecções hospitalares - as formas mutantes de Staphylococcus aureus (MRSA) e Enterococcus (VRE), que são resistentes aos antibióticos conhecidos e representam um grave problema de saúde pública. A molécula da platensimicina (destacada em amarelo) ligada especificamente a uma enzima responsável pela produção de lipídios nas bactérias. Créditos: Nature
Os pesquisadores determinaram a estrutura da molécula, verificaram que seu efeito antibacteriano se deve a sua ligação específica com uma enzima produzida pelas bactérias (a beta-cetoacil-ACP sintase) envolvida na síntese de ácidos graxos, que formam os lipídios. Os autores identificaram ainda como essa ligação acontece. As bactérias S. aureus são comuns na pele e as Enterococcus habitam o intestino, mas podem causar infecções se atingirem outras partes do corpo, como o sangue. As formas mais graves das doenças causadas pelos mutantes MRSA e VRE são adquiridas dentro dos hospitais. Grande parte desses pacientes morre, pois os micróbios não são combatidos pelo seu organismo, já debilitado, ou pelos antibióticos. Marjorie Moeling, diretora de comunicação e política dos laboratórios de pesquisa da Merck, destacou em entrevista à CH On-line a seriedade da ameaça que a resistência dessas bactérias aos antibióticos existentes representa para a saúde humana. "Há uma necessidade urgente de novos remédios para combater essas bactérias e a platensimicina é o membro fundador de uma nova classe previamente desconhecida de antibióticos". Moeling afirma que ainda falta muito para o novo produto chegar ao mercado: "Para tornar o antibiótico disponível ao tratamento de pacientes, assim como qualquer outro remédio, esse deverá completar o curso normal, rigoroso e longo do desenvolvimento clínico". Nota do Managing Editor: esta matéria foi primeiramente veiculada em Ciência Hoje On Line (http://cienciahoje.uol.com.br), em 17 de maio de 2006. A autoria é de Marina Verjovsky. |
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