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NOVIDADES
Agentes de fermentações, putrefações e doenças, muitas vezes virulentas, esses organismos microscópicos - os micróbios - resolveram "mostrar a cara" e dizer que são, mas não só, nojentos e terríveis, mas que podem também prestar serviços, dentre eles, produzir eletricidade. As águas servidas que transportam detritos da vida e da sociedade humanas estão repletas deles. Alguns dentre eles decompõem ativamente a matéria orgânica e, nesse processo, produzem elétrons. Ilustração (livre) de dejetos gerando eletricidade. Créditos : Jeunes du Maroc
As celas foram testadas no Laboratory of Microbial Ecology and Technology (LabMET), Ghent University (Bélgica), por Willy Verstraete e seus colegas, quer individualmente, quer em série ou em paralelo. Durante mais de 200 dias, os micróbios foram submetidos a uma dieta à base de lodo anaeróbico e aeróbico, de águas servidas de um hospital e de uma fábrica de condicionamento de batatas. Os micróbios, ao que tudo indica, gostaram, uma vez que, no final da experiência, a densidade de potência (potência produzida por unidade de massa) das celas havia triplicado. Os pesquisadores tiveram oportunidade de observar, ainda, que as pilhas colocadas em paralelo forneciam os melhores resultados e a corrente mais intensa. Os pesquisadores, contudo, estão certos de que sua principal descoberta foi a constatação da coevolução das propriedades eletroquímicas e da composição efetiva da colônia microbiana. No início da experiência, as minúsculas centrais de energia eram compostas por diversas comunidades de proteobactérias, incluindo certas espécies de Geobacter e de Shewanella que geravam ineficazmente a potência. Ao final da experiência, entretanto, quando as performances atingiam seu máximo, uma das espécies, Brevibacillus agri, constituía a maioria dos micróbios produtores de elétrons. De acordo com os pesquisadores, essa evolução microbiana deverá orientar as pesquisas futuras sobre o estudo das propriedades "de produção de eletricidade" de diversas espécies e de sua interação. EST, May 2006 (Tradução/Texto - MIA). Nota do Managing Editor: o trabalho de que trata esta matéria, de autoria de P. Aelterman, K. Rabaey, Hai The Pham, N. Boon e W. Verstraete, de título "Continuous Electricity Generation at High Voltages and Currents Using Stacked Microbial Fuel Cells", foi publicado na revista Environmental Science and Technology, volume 40, número 10, páginas 3388-339, de 2006. |
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