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Sílica e seda de aranhas : combinação inusitada ?

"Teia é tecido", parece ser mais ou menos isso que se pensa, quando se vê aquele desenho bonito, feito de fios formando círculos concêntricos, meio mágicos e "frágeis": os fios de seda produzidos pelas aranhas.

Verdadeira armadilha tecida pela aranha, e da qual a mesma lança mão para apanhar insetos, a teia cumpre sua função e seus fios seguem "enganando", com sua aparente fragilidade. Ou melhor: en-ga-na-vam, pois, testada sua altíssima resistência, vêm servindo à ciência em combinações surpreendentes.




Teia de aranha

Créditos: University of Massachusetts, Dartmouth (EUA).



Estudando há uma década os segredos da seda, bioengenheiros da Universidade de Tufts, Massachussetts (EUA) lograram criar uma nova proteína híbrida: fios de seda de aranha + sílica, composto oxigenado do silício, do qual o quartzo, a areia, o sílex são variedades naturais, mais ou menos puras.

O novo material nanocompósito chegou prometendo bastante. O pesquisador-líder da equipe, David L. Kaplan, informou que tanto a área médica quanto a industrial poderão se beneficiar, e muito, do mesmo. Como exemplo, cita o desenvolvimento de tecido ósseo.

Diz ele: "Trata-se de uma nova estratégia de engenharia, pela qual pudemos desenvolver um material "quimérico", combinando dois dos materiais mais notáveis fornecidos pela natureza, ou seja, a seda das aranhas e os esqueletos contendo silício das diatomáceas, que geralmente não se encontram em seu próprio ambiente".

As diatomáceas são bastante conhecidas pela simetria de suas paredes celulares silicosas e apresentam uma grande variedade de formas intrincadas, podendo ser encontradas na água doce, nos mares, no solo e em superfícies úmidas.




Diatomáceas: raros organismos cuja estrutura externa contém silício.

Créditos: Luxoriom



Na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), Kaplan explica que, de um lado, a sílica fornece a sustentação estrutural às diatomáceas, notáveis por suas divisões nanoestruturais, e, de outro, as proteínas de seda branca produzidas pelas aranhas e pelos bichos-da-seda (insetos da família das borboletas que produzem a seda destinada a abrigar a lagarta durante sua transformação: o casulo) são dotadas de uma flexibilidade e de uma solidez inacreditáveis, sendo capazes de reunir-se em estruturas rapidamente definidas.

Os pesquisadores conseguiram conceber e clonar fusões genéticas de genes codificadores dessas duas proteínas, depois de aglomerar essas proteínas geneticamente modificadas em materiais nanocompósitos, à temperatura ambiente. Detalhe este que constitui em si uma abertura, uma vez que, geralmente, são necessárias altíssimas temperaturas para a realização da síntese da sílica em laboratório.

O material híbrido resultante é surpreendente e, por si só, já impressiona. Os pesquisadores estão exultantes. Embora os testes precedentes com a sílica tenham permitido produzir partículas cujo diâmetro variou entre 0,5 e 10 nanômetros, o compósito seda-sílica obtido apresenta distribuição granulométrica compreendida entre 0,5 e 2 nanômetros.

Kaplan aponta para dois aspectos bastante significativos do novo compósito: o tamanho reduzido e a uniformidade das partículas, dizendo que tornam possível controlar melhor o material, oferecendo mais opções de fabricação, vantagens que se traduzem significativamente na área médica e de materiais especializados.

Canoë, consultado em 17 de julho, 2006 (Tradução/Texto - MIA).

Nota do Managing Editor: as ilustrações desta matéria não constam do original e foram obtidas em www.google.com.


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