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NOVIDADES

Pesquisadores americanos prometem : vem aí o bronzeamento sem sol.

Você quer pegar aquela corzinha "esperta", pra sair por aí vendendo charme e fazer inveja a muita gente? E... por que não? Com medo da exposição prolongada aos raios UV (ultravioleta) e das possíveis futuras conseqüências? Que nada! Afinal, pra que sol?

Bom, é claro que não estamos nem cogitando daquele "bronzeamento de cabine", na qual o indivíduo entra e, não mais que de repente, sai todo bronzeado e... por igual! Fugir de um (sol) para cair em outro? Nem pensar!

A prestigiosa revista Nature publicou recentemente estudo que abre caminho para um bronzeamento sem os raios UV e, assim, proteger contra os temidos cânceres de pele, os melanomas, desenvolvidos nas células pelo acúmulo anormal de pigmentos.

O bronzeamento resultaria da ativação de uma via metabólica complexa, iniciada pelos raios ultravioleta. A radiação UV degradaria o DNA dos melanócitos que, em resposta, sintetizariam um pigmento chamado melanina, era o que se pensava até o momento.

Acontece que no Dana Farber Institute, de Boston (EUA), uma equipe de pesquisadores, liderada pelo Dr. David Fisher, demonstrou que os raios ultravioleta interagem igualmente com os queratinócitos, que são as células mais abundantes da pele.

Em resposta à luz, essas células danificadas sintetizam o hormônio MSH (Melanocyte-Stimulating Hormone). Este vai se fixar sobre os receptores MC1R dos melanócitos e ativar a produção de melanina para escurecer (bronzear) a pele.

O que aconteceria, então, àqueles "branquelas", que não se bronzeiam nem mesmo por decreto, e que "sofrem" muito com isso? Uma mutação do receptor MC1R foi publicada, em artigo de 1995, como sendo a causa da ausência de bronzeamento nessas pessoas. Impedindo a fixação do hormônio MSH, essa mutação, por tabela, acaba por impedir a síntese de melanina.

Por ocasião desse estudo, David Fisher e sua equipe especularam sobre a ativação de uma enzima, a adenilato ciclase, que estaria implicada na produção do pigmento. A fim de demonstrar o efeito dessa proteína, a equipe utilizou um composto ativador, extraído de planta, batizado como forscolina (forskoline).




Folhas de Coleus das quais é extraída a forscolina.

Créditos: Wikipedia


Os pesquisadores produziram modificações em nível do receptor MC1R em ratos geneticamente modificados que desenvolveram uma doença chamada Xeroderma pigmetosum, o que os tornou incapazes de reparar os desgastes provocados sobre seu DNA.

Dando prosseguimento à experimentação, esses ratos mutantes foram separados em dois conjuntos: um de controle e, o outro, a ser tratado por um período de dois meses com uma solução de forscolina.

A seguir, os ratos foram tosados e irradiados durante 20 semanas com uma intensidade de luz ultravioleta equivalente a algumas horas de praia, na Flórida, no mês de julho. A metade dos ratos de controle desenvolveu sinais de cânceres após 5 semanas, contra 50 semanas para os ratos tratados com a solução de forscolina. A sobrevida destes foi verdadeiramente espetacular, dado terem os ratos do grupo de controle morrido após 30 semanas.

Ao que tudo indica, o bronzeamento ativado pela solução protege contra as agressões do sol e atenua as degradações do DNA.




Estão entremeados ratos bronzeados quimicamente induzidos.

Créditos: D'Orazio et al., Nature.



A planta Coleus, contendo a forscolina, é utilizada comumente como especiaria, para tratar alguns problemas cardíacos ou para cólicas estomacais. Mas, modere seu entusiasmo: cautela! Não vá com tudo sobre os extratos de plantas. A aplicação destas sobre a pele requer, logicamente, estudos complementares e aprofundados.

Pesquisador do Wistar Institute of Philadelphia, Meenhard Herlyn acredita que certos dados sugerem que a passagem ao uso em humanos poderá certamente se dar rapidamente. Por sua vez, Fisher declara já ter tido início o trabalho com o homem e acredita que poderá publicar, ainda este ano, resultados preliminares.

Como se vê, trata-se de um estudo altamente promissor, que oferecerá ainda uma esperança de salvação às pessoas de pele clara, que morrem das conseqüências de um melanoma. Só entre os americanos são 6000, anualmente!

Nature (Tradução/Texto - MIA).


Nota do Managing Editor: o artigo referente a esta notícia, intitulado "Topical drug rescue strategy and skin protection based on the role of Mc1r in UV-induced tanning", de autoria de J.A. D'Orazio e colaboradores, foi publicado na revista Nature 443, p. 340-344, de 2006.


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