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Vinho tinto : teriam seus bons efeitos sido finalmente elucidados ?

Um estudo internacional dirigido por Rafael De Cabo, do National Institute of Aging e David Sinclair, da Harvard Medical School parece indicar que um composto encontrado no vinho tinto aumentou por volta de 30% os índices de sobrevivência de ratos obesos. Essa molécula, o revesratrol, é um antioxidante, substância que protege os tecidos de danos celulares.




Taça de vinho tinto.

Créditos: Wikipedia


Há muitos anos, a equipe de David Sinclair vem mostrando interesse pelo revesratrol, que revelou sua eficácia no aumento do tempo de vida de leveduras, drosófilas e vermes. Os resultados foram paralelamente comparados com aqueles verificados em uma dieta hipocalórica.

Os pesquisadores demonstraram igualmente que essa dieta ativa o gene SIR2 ou seu homólogo mamífero SIRT1. Além disso, Sinclair suspeita que o revesratrol age direta ou indiretamente sobre o gene SIRT1.

As proteínas codificadas por esses genes pertencem à família das sirtuínas. Tais proteínas, ubiqüitárias, possuem atividades deacetilases NAD+ dependentes. Sua ação sobre o aumento da duração de vida é ainda vaga e seria devida à deacetilação de histonas, assim como de outras proteínas.

Após os trabalhos realizados com outros organismos, a equipe de Sinclair elaborou um teste que permite estudar o efeito do revesratrol nos ratos. Três grupos de 55 ratos com 1 ano (52 semanas) foram alimentados de modo diferente durante 6 meses:

  • uma dieta alimentar hipercalórica e uma taxa de gordura alta;
  • a mesma dieta anterior, mas complementada com revesratrol;
  • uma dieta alimentar clássica (controlado).


Aos 2 anos, 58% dos ratos do primeiro grupo estavam mortos, contra apenas 42% dos ratos do segundo grupo. Esse aumento na duração de vida se fez acompanhar de efeitos benéficos para a saúde dos ratos, uma vez que as taxas de insulina, de glicose e de IGF, marcadores da diabete, são mais elevadas no primeiro que no segundo grupo de ratos.

O aparelho locomotor dos ratos é grandemente melhorado com o revesratrol. Os ratos do grupo 2 são indissociáveis do grupo de controle, quando submetidos a testes de equilíbrio ou quando sua coordenação motora é avaliada.

Os fígados dos animais suplementados com revesratrol são igualmente mais saudáveis. De um lado, seu tamanho se aparenta àquele dos ratos do grupo de controle; de outro, seu fígado contém numerosas mitocôndrias (estruturas celulares que contêm material genético e que atuam no metabolismo das células, em sua capacidade de produzir energia), sinônimo de uma boa oxigenação dos tecidos e de um bom metabolismo de açúcares.




Fígado dos animais estudados. À direita, fígados de ratos que se alimentaram com muita gordura, porém com suplemento de revesratrol, são semelhantes aos fígados dos ratos que receberam uma dieta normal (esquerda). No centro, vemos o órgão aumentado de animais que receberam uma quantidade de gordura extra, contudo sem a ingestão do revesratrol.

Créditos: Credit: Baur et al., Nature



Essa observação foi verificada também por uma análise da expressão dos genes, em que parece que o revesratrol modifica as vias metabólicas de modo semelhante a uma dieta hipocalórica.

Nas concentrações utilizadas, De Cabo e Sinclair não observaram efeitos secundários. Não obstante, De Cabo precisa que a eficácia e a segurança dessa substância não foram absolutamente demonstradas no homem. Algumas contra-indicações, contudo, são já conhecidas, principalmente o efeito sobre as plaquetas sangüíneas, que poderá aumentar o risco de sangramento em casos de utilização de anticoagulantes, de antiplaquetários, ou de antiinflamatórios não-esteroidais.

Entretanto, essa descoberta oferece perspectivas interessantes em um país, como os Estados Unidos, no qual 60 milhões de pessoas são obesas (segundo a Casa Branca) e onde o custo da falta de exercício físico é avaliado em aproximadamente 2 bilhões de dólares. Cynthia Kenyon, geneticista molecular da Universidade da Califórnia, de São Francisco (EUA), acredita haver claramente um efeito benéfico. Assim, conforme ela, um teste clínico deverá ser feito em pessoas obesas e pacientes com diabetes tipo 2.

Sciencemag (http://sciencenow.sciencemag.org), consultado em 14 de novembro de 2006 (Tradução - MIA).


Nota do Managing Editor: a primeira ilustração não faz parte da matéria original e foi obtida em www.google.com.


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