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Nanotubos de carbono : Brasil realiza congresso internacional.






Cerca de 380 cientistas se reuniram em Ouro Preto (MG) desde o dia 24 de junho, para discutir o desenvolvimento e as aplicações da tecnologia de nanotubos de carbono. Tratou-se da 8a Conferência Internacional sobre Ciência e Aplicação de Nanotubos (NT07) que se encerrou no dia 29. Foi a primeira vez que a Conferência NT é realizada em um país do hemisfério Sul desde sua primeira edição, em 1999.

Um dos destaques da conferência foi a cientista norte-americana Mildred Dresselhaus, do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT, na sigla em inglês). Ela já liderou a pesquisa sobre energia com base no hidrogênio nos Estados Unidos e atualmente coordena uma pesquisa sobre os rumos da ciência naquele país durante os próximos dez anos.





Profa. Mildred Dresselhaus.

Créditos: MIT



No dia 27, segundo dia da 8ª Conferência Internacional sobre a Ciência e Aplicação de Nanotubos (NT07), o físico indiano Pulickel Ajayan deu uma rápida entrevista sobre o momento dos nanotubos de carbono (NTC) e as perspectivas de desenvolver conhecimentos e tecnologia avançadas em países em desenvolvimento.

Graduado na Índia, Ajayan coordena hoje um dos mais importantes grupos de pesquisa norte-americanos sobre nanomateriais, no Instituto Politécnico de Rensselaer (RPI). A equipe é formada por considerável número de indianos e chineses, além de norte-americanos e europeus.





Prof. Pulickel M. Ajayan.

Créditos: Rensselaer



Mais do que isso, observa o pesquisador, os nanotubos, "definitivamente, trouxeram profissionais de diferentes áreas a trabalharem juntos - as fronteiras entre as áreas do conhecimento desapareceram". Sua equipe reúne físicos, químicos, zoólogos, biotecnólogos e vários engenheiros - eletrônicos, mecânicos, metalúrgicos, químicos e da área de computação.

Ajayan está, contudo, deixando o RPI para assumir a cátedra de Richard Smalley, Prêmio Nobel de Química (1997), na Universidade de Rice, no Texas (EUA). O professor Smalley, que morreu em 2005, é o responsável pelo descobrimento dos fulerenos (molécula com 60 átomos de carbono organizados na forma de uma bola de futebol) e pioneiro na pesquisa de nanotubos de carbono.

A nova posição de Ajayan confirma sua liderança na ciência norte-americana, conforme apontado em 2006 pela revista Scientific American, que publica anualmente os 50 nomes mais representativos das diferentes áreas científicas nos Estados Unidos.


Ferramentas para o Desenvolvimento

Para Ajayan o Brasil e a Índia são países em estágios similares na área científica e tecnológica e "devem investir fortemente na formação de estudantes, de pesquisadores, em infra-estrutura de pesquisa e centros de excelência para estarem juntos com os países avançados na revolução que decorrerá da nanotecnologia".

Estes aspectos criam o círculo virtuoso, no qual os melhores estudantes serão atraídos e as instituições serão sustentáveis. Dificilmente os melhores alunos e os mais jovens se contentarão em trabalhar e se pós-graduar em locais sem infra-estrutura para a pesquisa e pessoal qualificado para estimular a formação e a criatividade. Tais condições, contudo, não são obtidas num passe de mágica.

O pesquisador observa que "somente agora algumas instituições indianas começam a ter as condições para atrair estudantes de outros países e manter alguns dos melhores quadros formados nas universidades do país".

Para o desenvolvimento do segmento (focado nos NTCs) com possibilidades tão vastas de aplicação, Ajayan sugere que o dinheiro será colocado onde os benefícios forem mais significativos para o país.

No caso da Índia, em meio ambiente, ciências médicas e energia alternativa. "A eletrônica é certamente uma interessante área de utilização de nanotubos, mas talvez não tenhamos força suficiente para conseguir os resultados desejáveis".

Na palestra feita na Conferência NT07, Ajayan apresentou um quadro do estado da arte da aplicação industrial de nanotubos de carbono, ponderando a capacidade de produção em larga e em menor escala. E apresentou produtos com solução a se alcançar nos próximos dez anos e para além de dez anos de desenvolvimento tecnológico.

Artefatos que já estão no mercado internacional são os chamados compósitos de materiais plásticos, para uso em produtos com propriedades elétricas e mecânicas especiais, que, com adição de NTCs, aumentam a resistência, a durabilidade e a interação de diferentes materiais com o ambiente: baterias de lítio, materiais com propriedades anti-estáticas (que não dão choque) e materiais esportivos, entre outros.

A projeção situa no cenário mais distante a produção de cabos de transmissão, dispositivos fotovoltáicos (células solares) e nanoeletrônicos (nanotubos semicondutores ou metálicos em componentes eletrônicos para a contínua redução dos chips de computador e outros equipamentos).

"Contudo, conclui o professor, nada mais claro do que o fato de que a Ciência e a Tecnologia são as prioridades de qualquer país que queira atingir um bom nível de desenvolvimento". Para tanto, dar visibilidade aos atuais avanços "é muito importante -fará as pessoas conscientes dos impactos dos novos conhecimentos, provocando a atração de estudantes para as áreas de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico".


Como patas de lagartixa

Exemplo de material produzido pelo grupo coordenado pelo professor Ajayan, no RPI, são nanotubos de carbono crescidos alinhados e verticalmente, resultando numa alta capacidade de adesão superficial. Este material funciona como as fibrilas das patas de uma lagartixa, que permitem que ela caminhe inclusive de cabeça para baixo. A adesão produzida é tão intensa que sustenta o peso do animal.

Participaram do evento cerca de 140 brasileiros e 240 participantes de outros países, com destaque para o Japão e a Coréia, com 70 participantes, os Estados Unidos e países da comunidade européia, com cerca de 150 participantes, e a América Latina, também com grande participação.


Nota do Managing Editor: a presente notícia foi editada com informações da Assessoria do Evento, redigidas por Gustavo Gazzinelli, e informações provenientes de nota divulgada pelo Núcleo de Comunicação Social do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Ambas matérias foram primeiramente publicadas no Boletim da Agência CT, respectivamente nos dias 28 e 27 de junho de 2007.

As fotos dos Professores Dresselhaus e Ajayan foram obtidas em suas respectivas homepages.


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