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NOVIDADES
A Nokia acaba de apresentar um conceito de telefone nanotecnológico que rompe radicalmente com os padrões atuais. Batizado Morph, o aparelho contém um metal flexível e translúcido que permite modificar radicalmente sua forma. Michel Puech, autor do livro Homo sapiens technologicus, concede entrevista acerca da relação evolutiva do homem a esses tipos de objetos tecnológicos, para o site L'Atelier. L'Atelier - Morph traduz uma intenção de fazer da tecnologia um objeto que se funde no meio ambiente do homem - flexibilidade, transparência, estética, autonomia energética. A Nokia não estaria se adiantando às necessidades dos consumidores? Michel Puech: Essa empresa está aqui sobre uma tendência bastante forte, que é a própria essência das tecnologias contemporâneas. Não se trata de se fundir no meio ambiente, mas de uma fusão operacional com a existência humana, através do corpo humano. Nossos telefones celulares já são quase que próteses, funcionalmente - no sentido em que as lentes de contato são próteses. Com o conceito Morph, passa-se da luneta, dura, fria, externa, à lente, quente, flexível, "mais transparente" ainda, isto é, invisível. Nokia não responde a nenhuma expectativa bem definida dos utilizadores, ela surfa sobre a onda de fundo, aquela da apropriação mais e mais íntima e corporal dos artefatos (objetos fabricados) pelos humanos. Exatamente o tipo de avanço sobre a demanda que, com alguma chance, impõe as grandes inovações. Morph da Nokia: inovação pura! Créditos: L' Atelier
Michel Puech: Impossível antecipar a apropriação pelos usuários, que passa pelo simbólico, lúdico, emocional, e não apenas pelo funcional, pelo ergonômico. Se esses objetos flexíveis (macios), transparentes, multifuncionais e muito adaptáveis, esses objetos com os quais se tem vontade de brincar, suplantarem as tecnologias móveis atuais, isso será sem dúvida porque o ganho de funcionalidade é também um enriquecimento existencial, uma nova experiência física, psicológica, relacional. É assim que passamos dos telefones fixos e cabines telefônicas aos celulares, computadores de mesa aos ultraportáteis laptops, aos MP3... L' Atelier: Em quais limites os aparelhos "tradicionais" poderiam suscitar a demanda para esses produtos de nova geração? Michel Puech: Talvez não mais estejamos dentro de uma lógica tradicional da inovação onde o "novo produto" preenche uma lacuna da geração tecnológica precedente. O telefone celular não cortou exatamente o fio do telefone fixo, ele criou, sim, uma nova dimensão da comunicação oral. Os aparelhos portáteis destinados a escuta ou a visualização de conteúdos multimídia numéricos, não exatamente comprimiu a cadeia "hi-fi", criou um novo modo de escutar música, em novos lugares, novas atitudes. Os objetos do tipo Nokia Morph devem ser vistos não apenas como um passo a mais na mesma direção, mas um passo além: na direção de uma apropriação mais íntima de tecnologias que poderão tornar-se mais "protéticas". E que poderão terminar implantadas no lóbulo da orelha (aparelho de escuta) ou os pivôs dentários (o microrádio)... |
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