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O clube de elite dos mensageiros celulares tem novo sócio : o próton.

Pesquisadores americanos descobriram uma nova "química" que transporta rapidamente mensagens entre células - o primeiro, em mais de vinte anos! Diferentemente das moléculas sinalizadoras convencionais, como os neurotransmissores encontrados em células nervosas, esta é uma entidade química muito mais simples: o próton.

Erik Jorgensen e colegas da Universidade de Utah (EUA) queriam entender o mecanismo que determina a contração rítmica dos músculos digestivos nos pequenos vermes da terra Caenorhabditis elegans - organismos muito populares em estudos de biologia.





Caenorhabditis elegans ou C. elegans

Créditos: Canadian Space Agency



Através de testes com vermes mutantes, nos quais as contrações musculares são desemparelhadas, a equipe de Jorgensen identificou o processo pelo qual os sinais do intestino são enviados para os músculos situados ao seu redor - sinais que não são transmitidos por células nervosas.

A cada cinqüenta segundos, uma onda de íons cálcio é liberada pelas células do intestino. Os íons cálcio ativam proteínas na parede da tripa e estas bombeiam prótons para fora da célula. Os prótons, então, difundem-se através do verme até encontrarem uma proteína receptora, situada na superfície das células do músculo que "rodeiam" as paredes da tripa do verme.

"Esta proteína é muito similar aos convencionais neurotransmissores receptores de proteínas", salienta Jorgensen. Cada próton liga-se a um sítio receptor, o qual, então, abre um orifício que permite afluir uma grande quantidade de íons sódio para as células musculares. Este pulso de corrente elétrica, em última instância, provoca a contração do músculo.

"A comunicação direta entre o intestino e o músculo - sem a mediação de células nervosas -, foi uma grande surpresa", afirma Jorgensen. "O fato de que a "molécula sinalizadora" é um próton, também foi outra grande surpresa". Este é o primeiro transmissor rápido que conheço daqueles que foram descobertos nos últimos 20 anos.

"Proteínas ativadas por próton que permitem que íons fluam para o interior de células são também conhecidas em cérebros de mamíferos - são as bombas de prótons. Tem sido demonstrado que os prótons podem agir como transmissores, o que nos leva a repensar o papel destas proteínas no cérebro", explica Jorgensen.





Exemplos de Canais Iônicos

Créditos: Cambridge Neuroscience



Adrian Wolstenholme, da Universidade de Bath (Reino Unido), vem estudando a sinalização bioquímica em C. elegans. A importância deste trabalho não está somente ligada ao fato de ter sido mostrado que os prótons podem atuar como sinalizadores intermoleculares, mas, sim, que muitos componentes requeridos para a transmissão "protoenergética" têm sido revelados em importantes contextos biológicos.

"A descoberta que a liberação regulada de prótons... controla a contração rítmica do músculo do C. elegans estimulará muitos pesquisadores a se voltarem \para mecanismos similares numa ampla variedade de organismos e tecidos".

Chemical Science, consultado em 12 de abril, 2008 (Tradução - OLA.).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, intitulado "Protons Act as a Transmitter for Muscle Contraction in C. elegans", de autoria de A.A. Beg, G. G. Ernstrom, P. Nix, M. W. Davis and E.M. Jorgensen foi publicado na revista Cell, volume 132, pág. 149, 2008. A matéria original publicada na revista Chemical Science é de autoria de Simon Hadlington.


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