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NOVIDADES
Ele balança ao vento... e difunde música! Esse surpreendente protótipo vindo da China é um alto-falante constituído de uma simples folha de nanotubos de carbono. Os pesquisadores que o desenvolveram descobriram suas propriedades por acaso. No Centro de Pesquisa em Nanotecnologias Tsinghua-Foxconn, em Pequim, Kaili Jiang, Shoushan Fan e seus colegas trabalham com filmes finos, constituídos de nanotubos de carbono de cerca de 10 nanômetros de comprimento. Surpreenderam-se ao constatar que essas folhas emitem um som quando percorridas por uma corrente elétrica alternada, desde que sua freqüência esteja compreendida na gama áudio perceptível pelo ouvido humano. Para compreender o fenômeno, a equipe tentou visualizar uma vibração do filme fino, com a ajuda de um aparelho a laser. A produção de som seria análoga àquela de um alto-falante tradicional, constituído por uma membrana colocada em movimento por um eletroímã. Mas a folha de nanotubos, mesmo quando emite um som, continua imóvel. O filme de nanotubos (quadrado cinza no centro da imagem) é elástico. Distinguem-se, à direita, os contatos elétricos. Pode ser esticado, sem que a música difundida seja alterada. Créditos: Kaili et al., ACS Nano Letters.
Os pesquisadores suspeitaram, então, de um fenômeno termoacústico. A passagem de corrente elétrica se faria acompanhar de uma forte elevação de temperatura, até 80 0C. Esse calor faria oscilar brutalmente os nanotubos, provocando uma onda de choque no ar circundante. Esse efeito está longe de ser uma descoberta. Foi evidenciado no fim do século dezenove por vários físicos e utilizado um pouco depois em um aparelho batizado como termofone. O engenho emitia sons por intermédio de uma fina folha de platina. O alto-falante desmembrado (a): o filme fino é fabricado por estiramento, a partir de uma bolacha de silício sobre a qual foram fabricados os nanotubos de carbono (CNT). (b): os nanotubos vistos ao microscópio eletrônico, mais ou menos alinhados no sentido do estiramento do filme. (c): o filme, no formato A4, tornado alto-falante, com seus dois contatos elétricos. (d): enrolado sobre um cilindro (9 cm de diâmetro por 8,5 de altura), ele emite em todas as direções. Créditos: American Chemical Society.
A qualidade sonora parece bem distante daquela de um alto-falante tradicional. Porém, esse curioso protótipo apresenta várias vantagens. A primeira é uma grande leveza e um estorvo mínimo, uma vez que não há nenhuma peça em movimento. É flexível, e, para demonstrá-lo, os cientistas fixaram um sobre uma bandeira que estala ao vento, difundindo uma música. Elástico, ele pode ser estirado sem perder suas propriedades. Visto que produz os sons por toda sua superfície, se rasgado, continuará a funcionar, podendo-se mesmo recortá-lo em vários pedaços, que cada um irá se tornar um novo alto-falante... É possível, portanto, dar a ele qualquer forma. No momento, esse "achado de laboratório" não está destinado a qualquer aplicação. Contudo, demonstra as possibilidades insuspeitáveis dos nanotubos de carbono, em particular, e das nanotecnologias, em geral. Ultrafino e leve, o alto-falante de nanotubos difunde sua música por toda sua superfície. Créditos: Jiang Kaili et al., ACS Nano Letters. Futura Sciences, 05 de novembro, 2008 (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta nota: "Flexible, Stretchable, Transparent Carbon Nanotube Thin Film Loudspeakers", de autoria de L. Xai, Z. Chen, C. Feng, L. Liu, Z.Q. Bai, Y. Wang, L. Qian, Y. Zhang, Q. Li, K. Jiang e S. Fan, foi publicado, on line, na Nano Letters, October 29, 2008 (DOI: 10.1021/nl802750z). |
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