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Existiria um sistema de defesa inato contra a dengue ?

Por que a dengue - doença transmitida por mosquitos -, é benigna em numerosas pessoas, enquanto, em outras, conduz a dramáticas hemorragias, particularmente nas crianças? Descobrindo um mecanismo natural de resistência, uma equipe americana apresenta um primeiro elemento de resposta.

Um passo, ao que tudo indica, acaba de ser dado na luta contra a dengue, uma doença que ataca cada ano perto de 100 milhões de pessoas no mundo. Uma equipe franco-americana evidenciou um mecanismo de resistência ao vírus dessa febre hemorrágica contra a qual, até o momento, não existe nem tratamento nem vacina.

Sabe-se já que o vírus ataca, no interior da derme, a um componente do sistema imunológico, as células dendríticas, que se tornam o ponto de partida da infecção. A partir de um trabalho sobre a derme humana, pesquisadores do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, da França), do CNRS (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, da França) e da Universidade de Berkeley (Califórnia) identificaram "um importante sistema de defesa inato contra a infecção pelo vírus da dengue no homem". Trata-se de macrófagos da derme, células as quais se acredita bastante conhecidas, mas que escondem seu jogo!


Limpadores eficazes

Esses macrófagos, células maciças capazes de ingurgitar (ingerir) restos celulares e agentes patogênicos, são eficazes "faxineiros" de tecidos e participam do sistema imunitário. Na derme, alguns seriam capazes de capturar o vírus da doença, interditando sua replicação desde a inoculação pela picada do mosquito. "É por esse motivo que, na maioria dos casos, a dengue permanece mais como uma infecção viral que benigna", explicam os autores do trabalho publicado na revista PLOS NTD. Mas, algumas vezes, pacientes infectados desenvolvem uma síndrome hemorrágica mortal, particularmente as crianças.

Essa descoberta de um mecanismo de defesa é, portanto, de grande interesse e poderá levar a novas estratégias preventivas. Até o presente, no entanto, a única prevenção reside na luta antivetorial por eliminação dos mosquitos.





Internalização nas células do sistema imunitário de uma proteína do vírus, tornada fluorescente. À esquerda, dois macrófagos. A proteína fica alojada na superfície da célula, o que a protegeria da infecção. À direita, células dendríticas incorporaram a proteína viral, presente até em seu centro, o que favoreceria a infecção.

Créditos: Laboratoire Immunologie e Chimie Thérapeutiques (CNRS/Université Louis Pasteur).



Futura Sciences, consultado em 10 de novembro, 2008 (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta nota: "Dermal-Type Macrophages Expressing CD209/DC-SIGN Show Inherent Resistance to Dengue Virus Growth", de autoria de W.-H. Kwan, E. Navarro-Sanchez, H. Dumortier, M. Decossas, H. Vachon, F. B. dos Santos, H. W. Fridman, F. A. Rey, E. Harris, P. Despres e C. G. Mueller, foi publicado, on line, na revista PloS - Neglected Tropical Diseases, volume 2, número 10, pág. e311, 2008. (DOI:10.1371/journal.pntd.0000311).


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