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NOVIDADES

Circuitos eletrônicos e neurônios, sim : com neurônios !

Um velho sonho expresso nas obras de science-fiction mostra um estado que pode ser qualificado de pós-humano, para usar a língua dos célebres extropianos... (tecnocrentes dotados de fé sem limites no poder da ciência para ampliar o potencial humano). É o de fazer fundir o homem e a máquina para que se beneficiem das vantagens um do outro, minimizando os inconvenientes. A nanotecnologia e a biotecnologia cada dia nos aproximam um pouquinho desse sonho. Nesse sentido, os cientistas buscam reproduzir o funcionamento do cérebro com circuitos eletrônicos, bem como criar interfaces entre os neurônios biológicos e esses circuitos. Entretanto, ainda se está imensamente longe de se ter, um dia, o equivalente do mundo de Ghost in the Shell (filme lançado em 1995, dirigido por Mamoru Oshii), e talvez nunca o atinjamos...

Todavia, as realizações de Elisha Moses, do Departamento de Física de Sistemas Complexos do Instituto Weizmann, em Israel, são verdadeiramente notáveis.


Neurônios utilizados como componentes eletrônicos

Com seus colegas Ofer Feinerman e Assaf Rotem, Moses publicou recentemente na revista Nature novos resultados relativos à possibilidade de manipular o crescimento e as interconexões de células nervosas in vitro. Inicialmente, esses pesquisadores começaram por demonstrar que poder-se-ia fazer crescer neurônios ao longo de uma fenda em uma placa de vidro e os estimular não graças a um campo elétrico (o que já tinha sido feito), mas com a ajuda de um campo magnético.

Seu objetivo era saber se era possível, desse modo, realizar interfaces eletrônicas entre o cérebro e outros circuitos eletrônicos. Sabe-se, de fato, que o silício e o carbono (elemento essencial das moléculas orgânicas) são primos próximos e especulações sobre uma vida extraterrestre baseada no silício "estão indo num bom caminho". Realmente, conhecemos certas formas de vida inteligentes baseadas no silício... são os computadores!

Seguramente, a inteligência artificial ainda não é a consciência artificial, mas quem pode saber, no que darão, em algumas dezenas de anos, sejam os computadores clássicos sejam os ainda míticos computadores quânticos?

Para funcionar, um circuito de neurônios deve ser tal que cada um deles seja conectado a um grande número de outros neurônios, pelas extremidades dos dendritos (que asseguram a recepção dos dados) e pelo axônio (que envia sinais a outros neurônios). Os pesquisadores se deram conta de que em seu dispositivo existia um único neurônio para o número de axônios. Quando se deseja fazer portas lógicas é necessária ao menos uma centena, organizados em feixes.

Manipulando esses feixes de axônios entre pequenos grupos de neurônios é possível realizar portas lógicas AND, diodos e mesmo circuitos oscilantes.





As zonas brilhantes são concentrações de neurônios sobre suportes. No meio, as portas (gate) AND realizadas com neurônios e, à direita, associações de diodos em neurônios, de forma triangular.

Créditos: Elisha Moses-Weizmann Institute.


FuturaSciences, fevereiro 2009 (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia: "Reliable neuronal logic devices from patterned hippocampal cultures", de autoria de O. Feinerman, A. Rotem and E. Moses, foi publicado "on line", na revista Nature Physics, DOI:10.1038/nphys1099.


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