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Fazer chover usando lasers.

Fazer chover sob demanda é um velho sonho da Humanidade. A técnica de semeadura de nuvens com iodeto de prata é controversa, mas segundo um grupo de pesquisadores europeus, existiria uma técnica talvez mais promissora, o emprego de pulsos de lasers ultracurtos.

O efeito laser estava já implícito nos trabalhos de Einstein datados de 1917 e assentando-se sobre uma derivação puramente quântica da lei dos corpos negros, de Planck, a partir do átomo de Bohr. Era preciso, portanto, esperar 1960 para que aparecesse o laser óptico. Festejamos no mês de maio os seus 50 anos, pois foi a 16 de maio de 1960 que Théodore Maiman fez funcionar seu primeiro laser.

Hoje, o laser invadiu tudo. Ou quase! Ele é utilizado para a correção de miopia ou leitura de CDs. Espera-se conseguir, graças a ele, dominar a fusão controlada, mesmo que o projeto ITER explore uma outra via para chegar a isso, ou seja, o confinamento.

Em recente artigo da Nature Photonics, o pesquisador Jean-Pierre Wolf - atualmente na Universidade de Genebra -, acaba de mostrar com seus colegas europeus da Universidade Livre de Berlim e de Lion 1, que deverá também ser possível provocar artificialmente chuva com a ajuda de um laser de femtosegundo.

Há muito tempo que se procura fazer chover injetando nas nuvens núcleos de condensação, em geral sob forma de iodeto de prata. O conceito vem dos Estados Unidos e começou a ser desenvolvido a partir de uma idéia que Vincent Joseph Schaefer teve em 1946, discutindo com o Prêmio Nobel de Química, Irving Langmuir. Estes cristais podem, de fato, servir de germe de nucleação para a condensação do vapor de água porque lembram aqueles cristais de gelo. Assim, eles deveriam também ser eficazes nas nuvens contendo gotículas de água em superfusão.

Os resultados obtidos não são unanimidade entre os cientistas e parece difícil provar que o efeito seja bem real, especialmente porque o aumento da pluviosidade parece finalmente pouco importante.

Um outro fator a ser considerado: se o efeito for real, o "lançamento" de iodeto de prata em grande quantidade poderia ser perigoso ao ambiente e à saúde humana. Em países onde a maior parte da população bebe água da chuva, os riscos de contaminação com iodeto de prata após semeaduras de nuvens regulares, ano após ano, não seriam desprezíveis.


Efeito demonstrado apenas em laboratório

Se eles têm razão, os resultados dos pesquisadores europeus parecem mais promissores. Em todo caso, eles demonstraram que pulsos ultracurtos (10-13 s) gerados com um laser infravermelho Teramobile e com uma potência de 5 x 1012 W estavam verdadeiramente em condições de aumentar significativamente o aparecimento de gotículas de água. Estes pulsos formam filamentos de luz suficientemente intensos para ionizar o ar. As experiências realizadas pelos físicos foram feitas em uma câmara de névoa cheia de ar ambiente. Um segundo laser, menos potente, mostrou efetivamente a formação de gotículas, que espalham a luz desse laser quanto mais elas estão presentes em maior número.




Filamento autoguiado de luz branca produzida por um laser femtosegundo.

Créditos: J. Kasparian (LASIM, Lyon).


Entretanto, alguns pesquisadores americanos não estão convencidos do fato de que estes resultados sejam transponíveis às nuvens. Bill Cotton, da Universidade do Colorado, observou que a umidade relativa na câmara de névoa utilizada pelos pesquisadores europeus é da ordem de 230%, enquanto na atmosfera ela raramente excede 101%.

Será preciso, provavelmente, aguardar alguns anos para que se saiba se, verdadeiramente, é possível fazer chover usando lasers. De fato, este é pelo menos o tempo necessário para que se verifique que a técnica pode passar do laboratório à vida real, ainda mais que, provavelmente, será necessário desenvolver fontes lasers mais potentes.

FuturaSciences (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, de título: "Laser-induced water condensation in air", de autoria de P. Rohwetter, J. Kasparian, K. Stelmaszczyk, Z. Hao, S. Henin, N. Lascoux, W. M. Nakaema, Y. Petit, M. Queißer, R. Salamé, E. Salmon, L. Wöste e J.-P. Wolf foi publicado, on-line, no periódico Nature Photonics, em maio de 2010, DOI:10.1038/nphoton.2010.115.


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