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Peripécias da Jabulani !

A copa do mundo nem bem terminou e o site Techniques de l'Ingénieur (Tl'I) propõe que se volte sobre um dos principais atores desse evento: a bola. Jabulani é o seu nome, e foi muito criticada pelos profissionais, por suas trajetórias mirabolantes, imprevisíveis e incontroláveis. Laboratórios estudaram a esfera, desenvolvida pela marca Adidas, para poder descobrir seu segredo.


Explicações.

A bola Jabulani, utilizada quando da recente Copa do Mundo de futebol na África do Sul, despertou a curiosidade dos cientistas. Muito criticada pelos jogadores (sobretudo pelos goleiros) por suas trajetórias "imprevisíveis", "cambiantes", a bola foi, portanto, estudada sob todos os aspectos pelos laboratórios científicos. Assim, unidades de pesquisa australianas, japonesas e francesas (uma unidade de pesquisa do CNRS, em Marselha), debruçaram-se sobre a análise das trajetórias da famosa bola.

Eric Berton é diretor-adjunto do Instituto de Ciências do Movimento, uma unidade de pesquisa do CNRS, em Marselha. Ele nos explica o que, segundo ele, faz a particularidade dessa bola, desenvolvida especialmente para a Copa do Mundo: "As costuras da Jabulani são internas, a bola se parece, assim, com uma esfera perfeita". A Jabulani seria, portanto, muito redonda. Trata-se de uma evolução muito particular em nível de esportes com bola. De fato, a costura interna, até o presente, não estava na moda: no tênis, no beisebol ou no golfe, há irregularidades na bola, precisamente para que ela possa ter uma trajetória mais estável e mais controlável. O lift (rotação lateral da bola), no tênis, ou o spin, no beisebol, dão efeito à bola e permitem ao jogador fazer trajetórias curvas. Não se dá o mesmo com a Jabulani.





A "famosa" Jabulani...

Créditos: Adidas.



Eric Berton, diz: "Quando de um chute na Jabulani, a bola quase não gira. Isto é devido ao fato de o tempo de contato entre a bola e o pé, num chute, ser extremamente curto". Assim, a bola não tem um "efeito", o que influencia sua trajetória. Ela é mais flutuante, e imprevisível, porque o fato de dar um "efeito" à bola permite que melhor se controle sua trajetória. Mas é importante precisar que o cunho aleatório da trajetória da bola desenvolvida para a Copa do Mundo constitui uma incerteza tanto para o goleiro quanto para quem chuta. Na verdade, é mais a velocidade da bola a causa dos problemas dos jogadores. Efetivamente, a bola desenvolvida pela Adidas teria tendência a aumentar muito sua velocidade, pelo menos durante a fase de aceleração da mesma.


A bola diminui abruptamente sua velocidade.

Laboratórios científicos japoneses fizeram testes em túnel de vento para saber mais sobre as consequências aerodinâmicas da bola Jabulani. As conclusões coincidem com aquelas apresentadas pela unidade de pesquisa do CNRS, de Marselha: a Jabulani se comporta como uma esfera perfeita, e isto apesar de seu sistema "grip'n'groov". Trata-se de uma superfície rugosa, destinada a facilitar a "pegada" do goleiro. Os testes em túnel de vento, da mesma forma, permitiram aos pesquisadores coletar informações sobre a velocidade da bola: resultando que é, então, da sua desaceleração que os problemas de instabilidade sobrevêm. A bola diminuiria sua velocidade de modo não homogêneo, tão brutalmente, e é isto que coloca os goleiros em apuros.





Sistema "grip'n'groov" empregado na fabricação da Jabulani.

Créditos: Adidas.



Pesquisadores australianos, da Universidade de Adelaide (Austrália), ofereceram como explicação ainda outros elementos. Graças às simulações computacionais, o Professor Derek Leinweber, e sua equipe, conseguiram concluir que a forma da bola permite que a mesma vá mais rápido, com igual potência, que suas predecessoras. Por sua vez, a marca Adidas, que desenvolveu a Jabulani, fez da forma esférica perfeita um trunfo, e afirma que a vontade de ter uma bola o mais esférica possível permite oferecer aos atacantes uma precisão inédita.

Enfim, além da forma da bola, os cientistas insistem sobre a situação particular que encontraram os jogadores na África do Sul. De fato, uma grande parte dos estádios estando situada em altitude, a pressão do ar é menor e participa para tornar as trajetórias mais retilíneas, e, portanto, surpreendentes para os goleiros. Contudo, como precisa Eric Beton, "as consequências da altitude sobre a trajetória da bola são mínimas, quando comparadas àquelas diretamente ligadas à sua forma".


T l'I (Tradução - MIA).


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