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NOVIDADES
A existência dos buckminsterfullerenos, as famosas moléculas parecidas com uma bola de futebol, foi predita há 40 anos. Elas foram finalmente criadas no laboratório há 25 anos, mas apenas agora se acaba de detectá-las onde jamais se pensou que elas se encontrariam naturalmente: no espaço! Há 25 anos, quando Harry Kroto conseguiu, juntamente com Bob Curl e Rick Smalley, sintetizar fulerenos de fórmula C60 com sessenta átomos de carbono e uma estrutura em forma de bola de futebol, que este fato causou grande admiração e os cientistas começaram a dar asas à imaginação. Kroto pensava que esse tipo de moléculas - batizadas mais tarde como buckminsterfullerenos, em referência às cúpulas geodésicas do arquiteto americano Richard Buckminster Fuller -, devia existir no espaço. De fato, elas tinham sido preditas em 1970 pelo químico japonês, Eiji Osawa, contudo Kroto, que na mesma época se lançou em um programa de pesquisa de cadeias carbonadas no espaço interestelar, pensava que as mesmas poderiam se formar nas atmosferas das estrelas. Mais tarde, tendo ouvido falar dos trabalhos de espectrografia usando laser, de Richard Smalley e de Robert Curl, na Universidade de Rice (EUA), se associou a estes pesquisadores para simular estas atmosferas em laboratório e tentar detectar a presença de moléculas C60 Seu sucesso, em 1985, foi anunciado em um artigo da revista Nature, valendo a estes pesquisadores o Prêmio Nobel de Química, em 1996. Em seguida, outras moléculas de carbono em forma de bola de futebol foram descobertas, possuindo um número de átomos de carbono diferente, maior ou menor que 60. Elas são coletivamente designadas pelo termo fulerenos. Os fulerenos, ainda chamados buckyballs, vibram e podem absorver ou emitir luz no infravermelho, com um espectro característico. São vistas aqui raias de emissões dos C60 (flechas malva) e C70 (flechas azuis), observadas pelo telescópio espacial Spitzer na nebulosa planetária Tc1. Créditos: Nasa/JPL - Caltech/University of Western Ontario.
De fato, Cami e seus colegas descobriram, fortuitamente, a presença do fulereno C60 na nebulosa planetária Tcl. Conforme as próprias palavras do pesquisador: "Isto não fazia parte de nossas pesquisas, mas quando vimos certos sinais espectrais, soubemos imediatamente que estávamos na presença de uma das moléculas mais procuradas". Estas buckyballs C60 são estão na temperatura ambiente da nebulosa planetária. Portanto, elas se movem pouco e seu espectro infravermelho torna particularmente fácil sua identificação. Ao anúncio dessa descoberta, que acaba de ser publicada na Science, Sir Hary Kroto comentou: "este avanço particularmente apaixonante fornece uma prova convincente do que eu, há muito tempo, suspeitava. As buckyballs existem desde tempos imemoriais, nos recantos mais sombrios de nossa Galáxia". Na Terra, foram encontrados fulerenos na fuligem, em certas rochas e eles são, há algum tempo, objetos de trabalhos em nanotecnologia. Poder-se-á fazer uso dos mesmos para estocar hidrogênio, em nanomedicina para levar às células substâncias ativas, para produzir materiais semicondutores e até mesmo armaduras mais sólidas que o aço. Visão artística dos fulerenos no espaço. Créditos: Futura Science.
Futura Science (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, de título: "Detection of C60 and C70 in a Young Planetary Nebula", de autoria de J. Cami, J. Bernard-Salas, E.Peeters e S. E. Malek, foi publicado, on-line, na revista Science, julho 2010, DOI: 10.1126/science.1192035. Assuntos Conexos: |
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