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Grafeno instaura polêmica sobre a atribuição do Nobel de Física.

Um pesquisador americano pega na caneta para criticar, duramente, os fatos expostos para justificar a atribuição do último Prêmio Nobel de Física a André Geim e Konstantin Novoselov, sobre o grafeno. Uma bela lição da história da ciência.

O físico Walter de Heer não está contente, diz a revista Nature, de 25 de novembro. O físico da Universidade Georgia Tech (EUA) enviou uma carta, veiculada em seu site, ao Comitê Nobel de Física, para contestar o conteúdo do documento, justificando o célebre prêmio, versão 2010.

Por certo, sem dúvida para mostrar que ele teria merecido o prêmio, mas aponta principalmente os verdadeiros erros na narração feita pelo Comitê Nobel. Pelo menos sua carta servirá à História das Ciências.

Artigo de David Larousserie na revista Sciences et Avenir, de julho 2007, sobre o grafeno (um mergulho na primeira conferência sobre o assunto realizada França) mencionava, aliás, não apenas os trabalhos de Geim/Novoselov, mas também os de Heer (assistido pela francesa Claire Berger). Prova que a história não é tão simples como se diz...

Walter de Heer, em sua carta, contesta particularmente a cronologia do Comitê. O famoso artigo de 2004, de Novoselov e Geim, não é sobre o grafeno, mas sobre o "Few-Layer graphene", ou seja, algumas camadas de carbono (e não uma só, que corresponde ao verdadeiro grafeno). Pior, o método empregado nessa época não foi o que deu a volta ao mundo, a saber: "a esfoliação de grafite por uma fita scotch". De fato, para Walter de Heer, o artigo de dezembro 2004 sobre propriedades de transporte de três camadas de grafeno (e apresentado, em conferência, em março de 2004), é anterior ao artigo de Novoselov e Geim.

Walter de Heer, entretanto, reconhece que o método da fita scotch permitiu desenvolver as pesquisas em vários laboratórios. E sublinha a importância dos trabalhos do laboratório inglês.




Desenhando o grafeno.

Créditos: OwniSciences.



Outro ponto bastante interessante: o resumo feito pelo Comitê, subentendendo que o método da fita scotch permite fazer dispositivos eletrônicos. Para de Heer, este não é o caso. São outros métodos que permitem fazer grandes superfícies de grafeno, permitindo as verdadeiras aplicações. E entre tais métodos se encontram aqueles de de Heer (mas também de Philip Kim, da Universidade Columbia; ele também publicou seus primeiros trabalhos em fins de 2004, início de 2005).

O físico quebra também um mito. A descoberta de Geim e Novoselov teria sido uma surpresa, porque se pensava que o grafeno não seria estável (mea culpa - eu também escrevi isso em 2007). de Heer mostra que isso não era uma surpresa, uma vez que em... 1962 (!) um físico, Hanns-Peter Boehm, tinha demonstrado que aquilo era possível. O termo aparece formalmente em 1994 e Walter de Heer precisa que a história pré-2004 é bastante rica para o grafeno. Dois artigos do jornal on-line especializado, Graphene Time, contam isso muito bem. E isso antes da atribuição do Prêmio Nobel de 2010...

De passagem, vê-se que o negócio lembra bastante a complicada história da descoberta dos nanotubos.

Além dessa polêmica sobre a paternidade da descoberta, é bastante surpreendente que o grafeno seja tão depressa recompensado (os nanotubos de carbono não o foram!). Por certo existem propriedades notáveis, mas não há ainda aplicações guias. Teria o Comitê cedido a um efeito de moda?

Em todo caso, aconselho a leitura da carta de Walter de Heer, porque ela é bastante clara, sem animosidade pessoal e rica de elementos de história das ciências (apenas quatro páginas!).

Alasource (Tradução - MIA).


Nota do Managing Editor: a carta enviada ao Comitê de Física do Prêmio Nobel 2010 pode ser acessada em: http://www.gatech.edu/graphene/.


Assuntos Conexos

O Prêmio Nobel de Física 2010 na ponta do lápis.


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