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Quando resfriado quase ao zero absoluto, o vidro fundiria...

A idéia que o calor é uma forma particular de movimento é bastante antiga (remonta pelo menos ao Conde de Rumford). Mas não é senão a partir de trabalhos de Boltzmann, Gibbs e Einstein, em mecânica estatística, que uma formulação quantitativa dessa idéia recebeu uma base sólida. Na área da física estatística clássica, a temperatura de um objeto macroscópico, como aquela de um gás, pode ser ligada à energia cinética média das partículas que compõem o gás. Ela é mesmo diretamente proporcional. No zero absoluto, os movimentos de um gás devem, portanto, parar.

No caso da mecânica quântica, as coisas são diferentes. As desigualdades de Heisenberg indicam que uma partícula quântica (um quanton, segundo a expressão proposta por Mario Bunge) não pode ter uma localização infinitamente precisa, sem que sua velocidade não possa ser arbitrariamente grande. Resulta daí que os quantons estão sempre mais ou menos em movimento


Flutuações quânticas e térmicas

Tanto em um gás como em um líquido clássico quente, os movimentos das partículas são muito desordenados e as flutuações de posições e de velocidade das partículas exibem o que são chamadas flutuações térmicas. Estas flutuações térmicas existem também em um gás ou em um líquido descrito pela física quântica. No entanto, quando se aproxima do zero absoluto, as flutuações propriamente quânticas, decorrentes das desigualdades de Heisemberg, podem ocorrer.




Benjamin Thompson, Conde de Rumford (1753-1814), foi um físico americano.

Créditos: Jim Buckly.



Quando se resfria um líquido, lentamente o suficiente, este pode às vezes ficar no estado líquido mesmo abaixo de sua temperatura de solidificação. É o fenômeno da superfusão (fenômeno pelo qual um corpo se conserva acidentalmente líquido a uma temperatura inferior à sua temperatura de fusão (em que deveria estar congelado.)) Quando o vidro se torna sólido, este continua, não obstante, em um estado bastante desordenado e não cristaliza. É como se estivéssemos frente a um líquido muitíssimo viscoso. Fala-se, então, de transição vítrea.

Não se trata, portanto, propriamente de uma transição de fase, como no caso da solidificação da água. De fato, a questão da presença subjacente de uma certa forma não padrão de transição de fase por detrás da transição vítrea é sempre objeto de debate.


Uma transição sempre enigmática

Sempre misteriosa, a transição vítrea é estudada tanto na área dos sistemas clássicos quanto dos sistemas descritos pela mecânica quântica. Aliás, para o prêmio Nobel de Física Philip W. Anderson: "O problema mais profundo e mais interessante em física do estado sólido é, seguramente, aquele da natureza do vidro e da transição vítrea".

Um grupo de pesquisadores das universidades de Tel Aviv (Israel) e da Colúmbia (EUA) chegou a uma conclusão surpreendente quando modelavam quanticamente as ações que acontecem quando de uma transição vítrea. Como expressa Eran Rabani: "O que é interessante é que, segundo nossos trabalhos, por causa dos efeitos quânticos, podemos fundir o vidro resfriando-o. Normalmente, fundimos o vidro aquecendo-o".

Como explica em um artigo publicado na revista Nature Physics, são justamente as flutuações quânticas que, em certas situações, podem levar o vidro a fundir quando se aproxima do zero absoluto. Esta afirmação, contrária à intuição, é, não obstante, puramente teórica. São necessárias experiências para confirmá-la. Talvez, isto possa ser feito com os chamados supervidros, misturas com características mistas de vidros e superfluidos.

Futura Sciences (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, de título: "Quantum fluctuations can promote or inhibit glass formation", de autoria de Thomas E. Markland, Joseph A. Morrone, B. J. Berne, Kunimasa Miyazaki, Eran Rabani e David R. Reichman, foi publicado na revista Nature Physics, volume 7, págs. 134-137, 2011, DOI 10.1038/nphys1865.


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