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NOVIDADES
Medidas superprecisas de um elétron foram feitas por uma equipe de pesquisadores europeus: os resultados indicam que a forma do mesmo é esférica. Os resultados mostraram como o elétron acaba de ser categorizado como sendo perfeitamente esférico, com menos de 0,000.000.000.000.000.000.000.000.001 cm. A equipe comenta que se alguém quisesse ampliar um elétron para o tamanho do sistema solar, ele seria perfeitamente esférico para o olho humano, com a largura de um fio de cabelo. A equipe de físicos conduziu o estudo examinando elétrons em moléculas de fluoreto de itérbio (YbF3). Utilizaram um laser extremamente preciso para medir o movimento destes elétrons. Assim, os cientistas puderam decidir sobre a forma dos elétrons: redonda! Não fora este o caso, quando o elétron está em movimento apresentaria uma oscilação que deformaria o resto da molécula, como um pião desequilibrado. Não tendo observado qualquer oscilação, a equipe concluiu que os elétrons tinham, sim, uma forma esférica. O elétron é perfeitamente esférico, segundo estudos de pesquisadores ingleses. Créditos: Hedgehog Fotolia/Cordis.
O estudo fez progredir um dos maiores mistérios da física: compreender as razões e qual a origem da predominância da matéria sobre a antimatéria. A escola de pensamento atualmente admitida entre os físicos é que, durante o Big Bang, a antimatéria foi criada como a matéria comum. Mas, desde que a existência da antimatéria - uma substância "que não se pode apanhar", que se comporta como a matéria, com a exceção de ter carga elétrica contrária - foi descrita pela primeira vez por Paul Dirac, em 1928, não a encontramos senão em pequenas fontes, tais como os raios cósmicos e certas substâncias radioativas. Entender onde se encontra e eventualmente a possibilidade da existência da antimatéria foi sempre um mistério, até o aparecimento dessa nova área de pesquisa. Os cientistas tentam explicar esta falta de antimatéria, pesquisando as diferenças entre o comportamento da matéria e da antimatéria que ainda ninguém observou. Dado que a versão da antimatéria do elétron negativo é o antielétron positivo, igualmente chamado pósitron, compreendendo melhor a forma do elétron os cientistas do Imperial College esperam que estes conhecimentos os conduzam a uma melhor compreensão de como os pósitrons se comportam e quais são as diferenças entre a matéria e a antimatéria, o centro de interesse da próxima etapa de pesquisas. O professor Edward Hinds, coautor do estudo e responsável pelo Centro de Matéria Fria da instituição britânica, comenta as implicações de seus trabalhos: "O mundo inteiro é composto de matéria normal, com somente alguns traços de antimatéria. Os astrônomos chegaram a examinar até as "extremidades" do universo visível e, mesmo aí, não encontraram senão matéria, e antimatéria em pequeníssimas quantidades. Os físicos não compreendem onde se encontra toda a antimatéria, mas este estudo permite confirmar ou invalidar certas explicações possíveis." A equipe desenvolve atualmente novos métodos para resfriar as moléculas à baixas temperaturas não só para melhorar as leituras das medidas da forma do elétron, mas também para melhor controlar o movimento exato das moléculas. Assim, os pesquisadores poderão estudar o comportamento dos elétrons presentes, com uma precisão sem precedentes. Se não tivessem descoberto que os elétrons tinham uma forma esférica, teriam tido a prova de que o comportamento da antimatéria e da matéria difere sobremodo em relação às hipóteses que vêm sendo colocadas pelos físicos. Cordis (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia, de título: "Improved measurement of the shape of the electron", de autoria de J. J. Hudson,D. M. Kara, I. J. Smallman, B. E. Sauer, M. R. Tarbutt e E. A. Hinds, foi publicado na revista Nature, volume 473, págs. 493-496, 2011, DOI: 10.1038/nature10104. |
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