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NOVIDADES
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica para terapia gênica em células de câncer de cérebro humano usando nanopartículas que podem ser liofilizadas e armazenadas por até três meses antes do uso. Essas partículas, estáveis na prateleira, podem eliminar a necessidade de se fazer terapia gênica mediada por vírus, que tem gerado preocupações com relação à segurança. "A maioria dos métodos não-virais de terapia gênica tem eficiência muito baixa", diz Jordan Green, Ph.D., professor-assistente de engenharia biomédica na Universidade Johns Hopkins. "A terapia gênica usando nanopartículas tem o potencial de ser mais segura e mais eficaz do que as quimioterapias convencionais para o tratamento de câncer." Para desenvolver a nanopartícula, a equipe de Green partiu de pequenas moléculas disponíveis no mercado. Os pesquisadores realizaram combinações de diferentes moléculas e uma série de reações químicas que resultaram em diferentes polímeros. Eles, então, misturaram DNA, que codifica uma proteína luminescente, com os diferentes polímeros, objetivando ligar o DNA com os polímeros, formando assim as nanopartículas. As diferentes nanopartículas foram postas em contato com células tumorais e células-tronco tumorais do cérebro humano. Após 48 horas, a equipe examinou e contaram quantas células luminesceram em função de sua internalização nas nanopartículas carregadas com DNA e, consequentemente, tiveram a proteína luminescente codificada pelo DNA introduzido. A equipe avaliou a eficiência da internalização, contando quantas células sobreviveram e qual o percentual daquelas que luminesceram. Células de câncer de cérebro produzem uma proteína fluorescente verde. DNA codificado para produzir a proteína foi entregue para as células cancerosas, através de nanopartículas congeladas e desidratadas produzidas pelos engenheiros biomédicos da Universidade Johns Hopkins Créditos: Stephany Tzeng.
Das muitas combinações testadas, os pesquisadores descobriram que uma formulação particular de nanopartículas da chamada poli(beta-amino éster) foi internalizada com eficiência nas células tumorais (glioblastomas) e células-tronco tumorais. Os pesquisadores então liofilizaram (congelamento e desidratação) essas nanopartículas e armazenaram-nas em diferentes temperaturas (freezer, geladeira e temperatura ambiente), por diferentes períodos (um, dois e até três meses). Feito isto, testaram novamente a capacidade das nanopartículas de entrar nas células. De acordo com Green, após seis meses de armazenamento, a eficiência caiu pela metade, mas eles descobriram que em até três meses de armazenamento em temperatura ambiente não houve praticamente nenhuma alteração na eficiência. Além disso, a equipe descobriu que algumas das nanopartículas tinham uma afinidade particular com as células tumorais do cérebro, em comparação com as células cerebrais saudáveis. "Eu poderia imaginar partículas baseadas nesta tecnologia sendo utilizadas em conjunto com uma cirurgia no cérebro, e até mesmo evitando este procedimento", diz Alfredo Quinones-Hinojosa, professor-associado de neurocirurgia e oncologia na Johns Hopkins. "Eu imagino que, um dia, à medida que entendermos a etiologia e a progressão do câncer de cérebro, seremos capazes de usar essas nanopartículas, mesmo antes de fazer a cirurgia - isso não seria magnífico? Estaríamos evitando a realização de uma cirurgia no cérebro." Johns Hopkins Medical Institutions (Tradução - AGS). Nota do Scientific Editor: o trabalho que deu origem a esta notícia: "Non-viral gene delivery nanoparticles based on Poly(beta-amino esters) for treatment of glioblastoma", de autoria de Stephany Y. Tzeng, Hugo Guerrero-Cázares, Elliott E. Martinez, Joel C. Sunshine, Alfredo Quiñones-Hinojosa e Jordan J. Green foi publicado na revista Biomaterials, volume 32, págs. 5402-5410, 201, podendo pode ser acessado, pelos que têm assinatura, no link http://dx.doi.org/10.1016/j.biomaterials.2011.04.016. |
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