|
NOVIDADES
O "gecko" é um pequeno lagarto (lagartixa) cuja capacidade de "escalar" as paredes (e andar no teto) e a inteligência fascinam biólogos e físicos. Esta aderência foi estudada e, em parte, explicada por numerosos trabalhos. Não obstante, uma publicação recente mostra que se o animal é tão ágil, é porque tem os pés engordurados! As solas adesivas do gecko são um hobby de especialistas da biomimética, disciplina que se inspira na natureza para desenvolver novas ferramentas e materiais. Este é o próprio exemplo de uma transferência de tecnologia, quase saída da vida selvagem para o laboratório. O estudo publicado na revista Interface, da Royal Society, por uma equipe da Universidade de Akron, no Ohio (EUA), bem poderia levantar o último véu sobre um fenômeno cada vez melhor compreendido. Muitos estudos buscaram explicar essa aderência excepcional: desfeita e renovada até vinte vezes por segundo, a cada passo do réptil. Todos demonstraram que a astúcia, "o truque" reside na floresta de pelos microscópicos, as sétulas, que recobrem a parte posterior de suas patas. As famosas solas adesivas do gecko são formadas de laminazinhas que parecem centenas de milhares de pelos microscópicos, as sétulas. Créditos: Ali Dhinojwala/Universidade de Akron.
Mas se a aderência pode ser, em parte, reproduzida - graças aos pelos sintéticos feitos em polipropileno ou nanotubos de carbono -, dificuldades precisam ser ainda transpostas para se fazer tão bem quanto os animais vivos: as patas do gecko são, além disso, autolimpantes e conservam suas propriedades sobre qualquer superfície, limpa ou suja. Observando atentamente o pequeno réptil, Ping Yuan Hsu e seus colegas perceberam que, andando, o animal deixava traços. Intrigados, os pesquisadores analisaram a substância depositada e se deram conta de que o gecko tinha pés engordurados! As laminazinhas unidas às sétulas sob as patas produziam um líquido gorduroso, contendo principalmente fosfolipídeos que "banham" os pelos adesivos. Para os pesquisadores, este é o pequeno plus que explica a capacidade do gecko - sobre superfícies rugosas, empoeiradas ou úmidas -, de "desgrudar" e "grudar" de novo, facilmente, suas estranhas patas, nunca caindo. O gecko (Gecko gecko) Diego, utilizado nos experimentos, deixa suas "impressões digitais" bem visíveis no suporte negro: traços de dedos claros, no alto, à direita. Créditos: Ping Yuan Hsu/University of Akron.
Futura Science (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor: o trabalho: "Direct Evidence of Phospholipids in Gecko Footprints and Spatula-substrate Contact Interface Detected using Surface-sensitive Spectroscopy", que deu origem a essa notícia é de autoria de Ping Yuan Hsu, Liehui Ge, Xiaopeng Li, Alyssa Y. Stark, Chrys Wesdemiotis, Peter H. Niewiarowsk e Ali Dhinojwala, tendo sido publicado, on-line, no Journal of Royal Society Interface, de 24 de agosto de 2011, DOI:10.1098/rsif.2011.0370. Assuntos Conexos: |
© 2001-2020 LQES - lqes@iqm.unicamp.br
sobre o lqes | políticas | link o lqes | divulgação | fale conosco