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NOVIDADES
Os quasicristais - que parecem ser contra a natureza, dado não serem periódicos, já imaginados por matemáticos, representados em mesquitas medievais e até na natureza - valem hoje um prêmio Nobel a seu descobridor, o israelita Daniel Shechtman. Por quê? Porque permitem predizer materiais com propriedades inéditas. Com um ordenamento como aquele de um cristal, mas sem jamais se repetir: a estrutura da liga de alumínio e de magnésio colocou em evidência, em 1982, Daniel Schechtman, pesquisador do Technion (Instituto Israelita de Tecnologia), não lembra nada de conhecido e, até mesmo, parece contradizer as leis da cristalografia. Isto porque há mais de um século e graças aos trabalhos de Arthur Moritz Schönflies, dispomos de um modelo para predizer se uma estrutura cristalina é possível ou não. E essa, com uma simetria de ordem 5, não fazia parte da lista das possíveis... Durante dois anos, o químico israelense buscara explicar essa anomalia, sem conseguir. Conclusão: havia nisso alguma coisa de novo e de inexplicável, daí, de apaixonante! Logo ficou claro que esse arranjo de átomos quase regular, mas que não se repete, correspondia a um objeto matemático conhecido, rastreado em 1979 pelo físico inglês Roger Penrose. Este especialista em Relatividade demonstrou naquele ano que a "pavimentação" de um plano pode não ser periódica, logo, não pode ser repetida infinitamente. A "pavimentação" de um plano não periódico imaginado por Penrose em 1979. Há alguma coisa de regular, mas não se repete. Observe-se a simetria de ordem 5. Créditos: Ianiv Schweber.
Em seguida, tal ordem geométrica foi encontrada em outras ligas, de alumínio, em sua maioria, e até em um mineral natural, em 2009. Em 2007, Peter J. Lu e Paul Steinhardt mostraram que estes arranjos quase periódicos se encontram entre as decorações de mesquitas que datam do período medieval. "Pavimentação" não periódica real da mesquita Darb-i Imam, em Ispahan, no Irã, construída em 1453. Créditos: Peter J. Lu / NY Times.
Nanopartículas se juntam para formar estruturas semelhantes àquelas dos quasicristais. O crescimento de tal estrutura irregular se opera necessariamente de modo diferente daquele de um verdadeiro cristal. Créditos: Dmitri Lalapin / University of Chicago.
Todas as estruturas provavelmente não, mas, a exemplo da supracondutividade, as redes cristalinas quase periódicas far-se-ão, certamente, presente na indústria das próximas décadas. O prêmio Nobel de química, recompensando uma descoberta de 1982, recompensa também uma inovação de futuro brilhante. Futura Sciences (Tradução - MIA). Assuntos Conexos: |
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