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NOVIDADES
Uma técnica 3 em 1 permitiu a pesquisadores definir precisamente os contornos de tumores no cérebro de ratos, graças à nanopartículas compostas de ouro, de gadolínio e de silício. Isto oferecerá aos cirurgiões a possibilidade de retirar integralmente o tumor, poupando ao máximo os tecidos sãos, coisa fundamental em um câncer cerebral. Quando da retirada cirúrgica de um tumor, os médicos, às vezes, tomam a precaução de extrair igualmente alguns pedaços de tecidos sadios, a fim de se assegurarem de não deixarem mais nenhum vestígio da massa sólida. Mas, quando a operação tem lugar no cérebro, é preciso poupar o máximo de neurônios sadios, porque estes são muito importantes para serem retirados. A questão é que a diferença entre célula saudável e célula cancerosa não salta facilmente aos olhos. Assim, querendo minimizar a ruptura, o neurocirurgião se arrisca a deixar vestígios (traços) do tumor, dando-lhe então a oportunidade de crescer de novo na cabeça do paciente. É preciso, então, encontrar um meio de diferenciar melhor os tecidos saudáveis dos tecidos doentes para, assim, prevenir a recaída (recidiva). É neste sentido que estão sendo dirigidos os trabalhos de Sanjiv Gambhir e seus colegas da Universidade de Stanford (EUA). Graças à nanopartículas esféricas, dotadas de três propriedades físicas diferentes, pensam ter encontrado um método para ajudar os cirurgiões a retirar a integralidade do tumor. O glioblastoma é o mais agressivo tumor do cérebro. Ele se sobressai claramente nessa imagem tomada por imagiamento por RMN, sobre um jovem de 15 anos. Infelizmente, o índice de sobrevida é muito baixo. Uma solução eficaz é, portanto, bem-vinda. Por que não as nanopartículas? Créditos: A. Christaras, Wikipédia.
Uma injeção destas nanopartículas nos ratos com um glioblastoma humano (o mais agressivo tumor cerebral) mostrou que as mesmas podiam alvejar as células tumorais. Elas são capazes de transpor a barreira hematoencefálica (que preserva o cérebro de certas moléculas e de patógenos) e se aproveitam da pequena vedação dos vasos sanguíneos alimentando as células cancerosas para colonizar os tumores. Os cirurgiões podem, assim, operar e retirar os tecidos cancerosos. Uma vez tendo sido extraído a parte maior do tumor, eles submeteram seu rato a uma espectroscopia Raman - técnica de imagiamento baseada no princípio de que a passagem de um meio ao outro modifica ligeiramente a frequência da luz. É nesse momento que o silício, que interage com o feixe luminoso, entra em jogo e revela as células tumorais ainda presentes. Não resta senão terminar o trabalho (o que não significa, logicamente, uma tarefa fácil). Proximamente este procedimento vai ser testado no ser humano, pelos mesmos cientistas, mas, para o câncer coloretal. Eles esperam que o sucesso desta experiência permitirá reduzir a demora, antes de aplicar o método nos tumores cerebrais humanos. Paralelamente, trabalham no desenvolvimento de nanopartículas ainda mais eficazes. Idealmente, desejariam transformar estes "espiões" em "armas mortais", o que evitaria a cirurgia e a trepanação (técnica cirúrgica em que é realizado um furo ("buraco") em um osso, neste caso, no crânio). Mas esta perspectiva está ainda distante. Futura Science (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "A brain tumor molecular imaging strategy using a new triple-modality MRI-photoacoustic-Raman nanoparticle", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Moritz F Kircher, Adam de la Zerda, Jesse V Jokerst, Cristina L Zavaleta,Paul J Kempen, Erik MittraKen Pitter,Ruimin Huang,Carl Campos,Frezghi Habte,Robert Sinclair,Cameron W Brennan,Ingo K Mellinghoff,Eric C Holland e Sanjiv S Gambhir, tendo sido publicado no periódico Nature Medicine, 2012, DOI:10.1038/nm.2721. |
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