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Preservativo feminino feito de nanopartículas.

Otimizar a difusão de uma molécula através do muco é um desafio tecnológico. Frequentemente esquecida, esta secreção dos tecidos mucosos forma uma barreira quase-impermeável aos tratamentos locais. Assim, os agentes patológicos, como os vírus, passam, mas os medicamentos não. Conseguir "persuadir" o muco permitiria, portanto, desenvolver sistemas de proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis, do tipo " preservativo feminino em gel".

Uma equipe interdisciplinar, dirigida por Justin Hanes, do Centro de Nanomedicina da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, nos Estados Unidos, publicou um artigo relatando a utilização de nanopartículas biodegradáveis como vetores de um tratamento contra a herpes vaginal de ratas. Há muitos anos, as nanopartículas são pressentidas como sendo a solução para a travessia do muco, mas, as versões convencionais, até aqui, penetram o muco superficialmente, sem atingir as células epiteliais. A equipe americana desenvolveu um sistema de nanopartículas encapsuladas de polietileno glicol (PEG) cujas propriedades de difusão através do muco são similares àquelas observadas na água, não obstante seu tamanho grande. É possível, assim, encapsular um agente terapêutico ou profilático nestas nanopartículas. A liberação da substância-chave é então assegurada pela degradação desta cápsula.



Esquema mostrando a ação do gel vaginal, partículas convencionais e das partículas que penetram o muco, produzidas no trabalho, (da esquerda para a direita).

Créditos: Science Translational Medicine.


Justin Hanes e sua equipe testaram o princípio, pela primeira vez, em ratas às quais nanopartículas compostas de aciclovir - tratamento de referência do vírus herpes simplex (HSV) - foram administradas antes de uma exposição ao vírus HSV. Graças às nanopartículas, a profilaxia permitiu proteger 53% de roedores contra a infecção, enquanto o gel solúvel convencional protegeu apenas 16%.

A inocuidade do método deve ainda ser mais avaliada. Se for reconhecida, vários desenvolvimentos poderão surgir daí. Imaginam-se, assim, não apenas sistemas de profilaxia e tratamentos locais de infecções sexualmente transmissíveis, mas também novidades terapêuticas para todas as patologias mucosas: rinossinusite; broncopneumopatia crônica obstrutiva (BPCO) ou ainda cânceres uterinos e dos pulmões, e até mesmo glaucomas.

Biofutur (Tradução - MIA).


Nota do Scientific Editor - O artigo "Mucus-penetrating nanoparticles for vaginal drug delivery protect against herpes simplex virus", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Laura M Ensign; Richard Cone; Timothy Hoen; Benjamin Tang; Terence A. Tse; Ying-Ying Wang e Justin Hanes, tendo sido publicado na revista Science Translational Medicine, volume 4, número 138, pág.138ra79, 2012, DOI: 10.1126/scitranslmed.3003453.


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