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NOVIDADES
Frente ao artigo publicado na revista Nature Materials por membros do Grupo Lieber, liderados por um dos professores de química da célebre Universidade de Harvard, Charles M. Lieber, não se pode deixar de pensar em um famoso herói de história em quadrinhos americano dos anos 1980. Entre seus numerosos super-heróis, como o Capitão América ou os Vingadores, a editora Marvel conta também com o personagem Rom, o Cavaleiro do Espaço, um extraterrestre vindo do planeta Gálador, onde se sabe interfaciar tecidos orgânicos com circuitos eletrônicos. Nem realmente um robô, nem uma forma de vida biológica, Rom é uma espécie de cyborg cujo corpo se tornou quase que indestrutível, de força sobre-humana e apto a viajar sem danos entre as estrelas. Os pesquisadores de Harvard estão a anos-luz de tais proezas, mas, ainda assim, conseguiram desenvolver harmoniosamente células nervosas e músculo cardíaco, sobre um suporte contendo sensores nanoeletrônicos. Assim, criaram espécies de tecidos cyborgs, integrando uma rede tridimensional funcional de fios nanométricos, suportando transistores e constituindo nanoelectronic scaffolds, ou NanoES (suportes/andaimes nanoeletrônicos ) com tecidos humanos. A imagem mostra uma rede de nanosensores (em azul e em verde) ao lado de neurônios (vermelhos). Trata-se de uma cultura tissular de neurônios do hipocampo de um rato. Créditos: Charles M. Lieber.
Com a técnica desenvolvida pelos pesquisadores de Harvard, este não é mais o caso. Ainda bem, segundo as palavras de Charles Lieber, "graças a esta tecnologia, pela primeira vez, podemos trabalhar em nível de células sistemas biológicos, sem perturbar significativamente seu funcionamento. Em última análise, trata-se aqui de amalgamar, de fundir tecidos biológicos com a eletrônica, de tal modo a que se torne fácil determinar onde termina o tecido e onde começa a eletrônica". No final, os nanosensores integrados naturalmente nesse tecido podem medir a atividade elétrica de células nervosas, por exemplo, ou de músculo cardíaco, em resposta à substâncias ativas. Como mostraram os pesquisadores, é também possível fazer crescer vasos sanguíneos sobre esse NanoEs e medir as modificações do pH no tecido, simulando assim uma resposta inflamatória ou uma isquemia. Abrem-se, assim, novas vias de pesquisa para a medicina, por exemplo, para o desenvolvimento de implantes, ou para a biologia, permitindo simular, em escala celular, fenômenos que se desenrolam em um órgão. Futura Sciences (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "Macroporous nanowire nanoelectronic scaffolds for synthetic tissues", que deu origem a esta notícia, é de autoria de Bozhi Tian, Jia Liu, Tal Dvir, Lihua Jin, Jonathan H. Tsui, Quan Qing, Zhigang Suo, Robert Langer, Daniel S. Kohane e Charles M. Lieber, tendo sido publicado na revista Nature Materials, online (2012), DOI: 10.1038/NMAT3404. |
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