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NOVIDADES
Os oceanos abrigam impressionantes quantidades de resíduos, principalmente aqueles compostos de microplásticos (menos de um milímetro de diâmetro). A existência da placa de lixo do Pacífico se estendendo sobre 3,43 milhões de km2 com, algumas vezes, até 30 metros de profundidade, pode testemunhar isto. Logo após sua degradação, estes resíduos se transformam progressivamente em nanoplásticos, isto é, em partículas que não medem senão algumas dezenas de diâmetro. Partículas com estas dimensões são adicionadas aos produtos pela indústria, por exemplo, em cosmética, e terminam, elas também, sua vida no mar. As consequências desta poluição sobre a vida aquática são pouco conhecidas, especialmente em organismos filtrantes, tais como os mexilhões. Porém, fato já observado, estes animais são capazes de aproveitar alimento medindo 100 nm de diâmetro. Portanto, podem também "capturar" nanorresíduos. Pesquisadores da Universidade Wageningen (Holanda) e do Instituto de Recursos Marinhos e Estudos Ambientais (Imares), dirigidos por Bart Koelmans, acabam de utilizar esta espécie, Mytilus edulis, para observar a reação da vida marinha face aos nanoplásticos. Colocados na presença de várias concentrações de esferas de poliestireno, medindo apenas 30 nm de diâmetro, os mexilhões se mostraram inapetentes, comportamento que pode ser prejudicial ao seu crescimento. A poluição invisível dos nanoplásticos não é, pois, sem consequências sobre a vida. Mais importante ainda: o Homem também pode ser afetado. Produção de pseudofezes por um mexilhão Mytilus edulis em reação à presença de nanoplásticos na água (0,1 g/l). Créditos: Environmental Toxicology and Chemistry.
Com apenas uma exceção, todos os mexilhões produziram pseudofezes na presença de poliestireno, demonstrando assim que as partículas de plástico são captadas em nível das brânquias (guelras), julgadas pouco nutritivas, depois evacuadas. As quantidades produzidas foram proporcionais à concentração de nanomateriais presentes no meio. A eficácia da filtração praticada pelos mexilhões foi igualmente quantificada. Antes do acréscimo de nanoesferas, uma distância de 4 mm separava as duas partes da concha do animal. Na presença do poluente, todas as conchas se fecharam em menos de 20 minutos, provando assim que estavam prestes a detectar o problema. Algumas foram reabertas em seguida, mas com uma abertura de 1 mm, limitando fortemente seu poder de filtração. Os mexilhões podiam, portanto, comer menos, se arriscando a crescer mais lentamente. Numerosos organismos confundem os sacos flutuantes na água com medusas (águas-vivas). O macrolixo (sacos, garrafas, caixas, etc.) constituiriam apenas 20% do conjunto de objetos de plástico que flutuam nos oceanos. Um dia, este macrolixo se degradará em micro-, depois em nanoplásticos, causando então estragos invisíveis. Atualmente, 12% dos peixes do Mar do Norte trariam resíduos no estômago. Mais de 50% dentre tais resíduos seriam plásticos. Créditos: Surfrider Foundation.
Futura Sciences (Tradução - MIA). Nota do Scientific Editor - O trabalho "Effects of nanopolystyrene on the feeding behavior of the blue mussel (Mytilus edulis L.)", que deu origem a esta notícia, é de autoria de A. Wegner, E. Besseling, E.M. Foekema, P. Kamermans e A.A. Koelmans, tendo sido publicado na revista Environmental Toxicology and Chemistry, on-line (2012), DOI: 10.1002/etc.1984. |
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